Gato de Botas 2: O Último Pedido

 Lá em 2011, quando escrevi a resenha do primeiro Gato de Botas, mencionei que uma sequencia certamente aconteceria. Eu não estava errada, mas não pude prever a demora, e a queda do original no esquecimento, antes da nova aventura do felino amigo de Shrek chegar. Independente e totalmente repaginado Gato de Botas 2: O Último Pedido, bem que poderia tirar o número "2" de seu título e se apresentar como longa oficial do personagem. 

Após dezenas de desafios onde riu na cara da morte, o Gato de Botas (voz de Antonio Banderas) descobre que já perdeu oito de suas nove vidas. Incapaz de levar uma vida pacata e com inimigos em seu encalço, o bichano embarca em uma jornada para encontrar a mítica Estrela dos Desejos e desejar suas nove vidas de volta. É claro, ele não é o único atrás da relíquia, tão pouco vai embarcar solitário nessa viajem. 

Jack Horner (John Mulaney), um personagem pouco conhecido por aqui e a equipe formada por Cachinhos Dourados e os Três Ursos (Florence Pugh, Ray Winstone, Olivia Colman e Samson Kayo) são a concorrência na busca pelo último desejo. Já Perrito (Harvey Guillén) e Kitty Patamansa (Salma Hayek) acompanham o protagonista na jornada. Esta última em uma relação de amor e ódio, competição e colaboração, dignas de um bom casal de comédia romântica. Correndo por fora, o Lobo (Wagner Moura, apenas na versão em inglês), que deseja coletar a última vida do Gato.

Melhor coisa do longa de 2011, Kitty é a única que retorna além do protagonista, explorando ainda mais a bem sucedida química da dupla. Enquanto personagens da franquia Shrek fazem micro aparições em flashbacks sem grande peso na trama. O filme segue independente tanto da franquia do ogro, quanto de seu antecessor, para apostar em uma história própria, fácil de ser acompanhada mesmo por quem não viu nenhum outro longa da franquia. Convenhamos, fazem doze anos que estes personagens não dão as caras na tela grande, o verdadeiro público alvo, nem tinha nascido quando o ultimo filme estreara. 

É claro, quem já acompanha o universo vai se deliciar com as referências e principalmente com o retorno do tom debochado com que a franquia lida com os contos de fada. Assim, Cachinhos Dourados e os Três Ursos funcionam como uma gangue/família. Enquanto o Grilo Falante (Kevin McCann), que nunca apareceu ao lado de Pinóquio, tenta que oferecer seus serviços a casos visivelmente perdidos. 

Já o Lobo merece uma nota à parte. Soturno e ameaçador com seu doce assovio, ao estilo de "M, O Vampiro de Dusseldorf", o personagem tem potencial para aterrorizar os pequenos na sala (no bom sentido). Uma pena apenas, que Wagner Moura não tenha sido chamado para dublar o próprio trabalho, (que ficou com o ótimo Sergio Moreno) e que nos cinemas nacionais encontremos apenas na versão dublada. O jeito vai ser esperar os streamings para conferir o bom trabalho do brasileiro que foi indicado ao Annie Awards, o "Oscar da animação". 

O visual do filme é outra novidade digna de atenção, mesclando técnicas de 2D e 3D, como em Homem-Aranha no Aranhaverso, o longa consegue manter as características e familiaridade com universo. Ao mesmo tempo que imprime um visual novo, atualizado e mais atraente para as novas gerações. A técnica, claro, é impecável, como esperado nas produções da Dreamworks. 

Assim, Gato de Botas 2: O Último Pedido desenvolve uma bem vinda jornada de amadurecimento, que questiona mortalidade, a forma de encarar a vida, e o que realmente desejamos dela (pois é, profundo para a molecada!). Enquanto atualiza e dá novo fôlego não apenas á própria franquia, mas ao universo de Shrek como um todo. Mostrando que talvez já seja a hora de trazer "Tão Tão Distante" para perto das novas gerações. 

Gato de Botas 2: O Último Pedido (Puss in Boots: The Last Wish_
2022 - EUA - 102min
Animação, Aventura

Leia também a crítica de Gato de Botas, filme de 2011!

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