Cavaleiro da Lua

Oficialmente Cavaleiro da Lua, mais recente obra da Marvel para o Disney+, é uma minissérie. E não há confirmações de sequencia. Informação que não faz sentido para qualquer um que tenha acompanhado o programa, que se arrasta e entrega pouco em seus seis episódios, como se estivesse guardando material para episódios futuros. 

Steven (Oscar Isaac) é um pacato funcionário de museu, que sabe muito sobre mitologia egípcia e tem o que parece ser um severo problema de sonambulismo. Sua rotina começa a mudar quando ele começa a perceber que suas "ações sonâmbulas" são mais complexas do que pensa e a ouvir uma voz em sua mente. Acontece que quando Steven adormece,  Marc Spector assume. Um mercenário que é hospedeiro Khonshu (F. Murray Abraham), assumindo o manto de Cavaleiro da Lua, habilidades especiais, e a missão entidade egípcia carrega.

O problema é que a série demora pelo menos dois episódios inteiros para apresentar esta premissa. E mais tempo ainda para explicar de fato, quem são Marc e Steven, e porquê eles dividem o mesmo corpo. Testando a paciência de grande parte do público que tem seu primeiro contato com o personagem nesta série. Já a mitologia egípcia, muito importante para a construção do universo do herói, é apenas pincelada pelo roteiro. Impossível não ficar curioso quando as entidades que aparecem em determinado momentos, as regras e história que regem sua existência. 

Assim ao longo de quatro, de seus seis episódios, o roteiro de Cavaleiro da Lua segura informações, confunde o espectador, ao mesmo tempo que o convida a embarcar em uma aventura com ares de Indiana Jones, sem oferecer informações suficientes sobre ela. Ok, sabermos que os heróis precisam impedir o vilão, Arthur Harrow (Ethan Hawke), de libertar uma deusa. Mas as motivações do vilão, e a ameaça que a deusa representa são explicados de forma rasa e rápida demais, para criar a emergência e o engajamento que precisamos. 


Quando o roteiro finalmente decide começar a explicar sua aventura, restam apenas dois episódios e a mitologia que constrói o contexto da aventura não fora apresentada. Assim, tudo é feito de forma corrida e meio mal explicada. Como na cena em que um panteão inteiro é eliminado por apenas um golpe. São deuses, não tem poder algum?

Apesar de ainda sofrer com o problema da "mitologia mal elaborada", o quinto episódio, é o que mais se destaca. Finalmente oferece algum contexto sobre o protagonista, de forma criativa e bem construída, esclarecendo não apenas suas motivações, mas quem de fato ele realmente é. E principalmente por colocar Steven e Mark para trabalhar juntos, já que seu intérprete é o ponto alto da série. 

Oscar Isaac transita de forma excepcional entre suas múltiplas personalidades. Alterando gestos, posturas, forma de falar, e até a voz, em transições claras, que por vezes acontecem em um mesmo take. Ethan Hawke oferece a vilania necessária para aventura com seu lider de seita, mesmo que não compreendamos bem seu histórico e motivações. Já May Calamawy, que interpreta o interesse amoroso/parceira de aventuras Layla El-Faouly, não conquista facilmente o público, tendo na batalha clímax seu melhor momento. 


Cenas de ação e efeitos especiais oscilam em qualidade ao longo da temporada. Se por um lado a deusa Tawaret cativa (talvez mais por sua personalidade, que pelo CGI), por outro a luta de deuses gigantes do clímax, lembra um pouquinho Power Rangers. Se isso é uma coisa boa ou ruim, deixo para cada um decidir. Já a promessa de boas lutas e violência, cai por terra quando o programa esbarra na classificação etária. Afinal, esta é uma série da Disney, logo toda a brutalidade e letalidade do herói é apenas sugerida, nunca mostrada. 

Para aqueles que procuram por referências e conexões com outras obras da Marvel, há poucos easter-eggs, e nenhuma relação com heróis que vimos até então. A não ser pela promessa de conexões futuras, esta é a série mais isolada do Universo Cinematográfico da Marvel, até agora.


Primeira série Disney+ com um personagem inédito no MCUCavaleiro da Lua se esquece do mais importante, apresentar devidamente seu herói. Como se contasse com uma continuação certa, se arrasta e segura informações. Deixando inclusive, uma revelação importante apenas para a cena pós-créditos. Conta com uma entrega excelente de seus protagonista, mas não escapa de ser a série mais fraca desta nova fase da Marvel no streaming.

Cavaleiro da Lua tem seis episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no Disney+

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