Expresso do Amanhã - 3ª temporada

Um império comandado com mão de ferro por Willford arrastando lentamente seus gélidos 1023 vagões de comprimento. E uma pequena equipe de pesquisa guiada por Layton, correndo veloz pelos trilhos com seus seis vagões superaquecidos em busca de um lugar. São dois trens que acompanhamos no início da terceira temporada de Expresso do Amanhã. Assim como, seguimos duas visões de mundo distintas ao longo de seus dez episódios. 

Seis meses se passaram desde que as locomotivas se separaram. Neste tempo o Snowpiercer de Layton (Daveed Diggs) seguiu analisando os dados deixados por Melanie em busca de um possível ponto habitável no planeta. Enquanto Willford (Sean Bean) os perseguia, no Big Alice, com a resistência trabalhando escondida contra seu governo tirano.

É claro, eventualmente as duas locomotivas se reunirão, e o embate propriamente dito recomeçará. Desta vez, deixada de lado a alegoria disputa de classes, abraçando os extremos de pontos de vistas opostos, e as promessas, reais ou não, que ambos trazem. 

É Layton que ganha esta disputa de argumentos por boa parte do tempo. Ao custo de seus princípios, esteja ele ciente disto ou não. Ao mesmo tempo que mente para seu povo, o líder fundista também se vê enganado por alucinações. Tema que soa como uma "licença" para a corrupção do personagem e que se arrasta mais que o necessário, resultando no deslocado episódio sete Ourobouros. Passado quase completamente em uma realidade alternativa, na mente do protagonista em coma, pausa a história e inverte papéis, apenas para nos contar algo que já sabíamos: as certezas do personagem não são tão certas. 

Já Willford perde importância nas ações diretas, servindo como um antagonista-recurso. Ele oferece resistência e informações conforme o roteiro precisa. Felizmente, o carisma de Bean, e as consequenciais das suas ações conseguem trazer bons eventos para trama. Discordâncias entre personagens, traições, e até resgates, passam pela influencia do "criador dos trens". São suas manipulações que constroem as circunstâncias para o excelente Bound by One Track. O quarto episódio da temporada, explora os fantasmas do Big Alice, sua influencia sobre Alex (Rowan Blanchard) e sua relação com Willford.

Assim como nas temporadas anteriores, personagens secundários também tem arcos desenvolvidos. Embora cada vez acompanhemos menos a população do trem como um todo, e mais personagens já estabelecidos. Ruth (Alison Wright) ainda é a personagem que mais evolui, crescendo como representante de todos os passageiros.  Javi (Roberto Urbina),  Till (Mickey Sumner)  e Audrey (Lena Hall) tem pequenas jornadas eficientes. Faltou um desfecho melhor para as escolhas de Zarah (Sheila Vand) em relação a sua filha com Layton.

Já Pike (Steven Ogg) e LJ (Annalise Basso) tem leves desenvolvimentos antes de serem descartados pelo roteiro. A psicopata da primeira classe, culpada dos assassinatos da primeira temporada (quem lembra?), realmente estava perdida na narrativa. Já o revolucionário fundista, parece eliminado precocemente, diante do desenvolvimento que tivera até ali. Outra subaproveitada é a sobrevivente Asha (Archie Panjabi), que pouco tem à fazer além de trazer uma surpresa para os episódios iniciais.

É a jornada das locomotivas como um todo, que mais surpreende. Iniciando separadas, reunidas pela esperança, passando para a guerra iminente, antes de subverter completamente as expectativas. À certa altura um personagem narra: "de que outra forma poderíamos decidir o destino da humanidade que não através da guerra?". Pois é, existe outra forma, e seus lideres surpreendentemente são sensatos, ao ponto de cessarem as hostilidades e buscarem esta alternativa. 

E esta alternativa é o possibilita outra mudança de paradigma que vai ditar o tom da já confirmada quarta temporada. Expresso do Amanhã, deve seguir novos rumos a partir daqui, e com sorte se encaminhar para um satisfatório desfecho, antes que seus motores percam o fôlego. 

A terceira temporada de Expresso do Amanhã, ainda é excelente, mas é a menos empolgante da série, com metáforas sociais menos impactantes, e mais disputas de poder movendo sua trama. Personagens bem construidos com os quais já nos importamos, boas reviravoltas e um desfecho surpreendente, são os detalhes que nos mantém seguindo estes trilhos. 

Cada temporada de Expresso do Amanhã tem dez episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Netflix. A série da TNT libera seus episódios semanalmente, e tem distribuição mundial pelo serviço de streaming.

Leia mais sobre Expresso do Amanhã! Aqui no blog tem curiosidades, críticas das duas primeiras temporadas e do filme de 2013.

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