Doze é Demais (2022)

A conta não fecha! É essa a sensação que o remake de Doze é Demais, deixa ao final da sessão. Especialmente para quem conhece bem o original de 2003 estrelado por Steve Martin. Isto porquê a produção original do Disney+ não traz conflitos suficiente para nos engajar para além da contagem de membro da família. 

Os Baker são uma família formada por dois pais solo (ou quase isso, explico mais tarde), que se uniram para formar uma grande família com nove crianças. Que, assim como no filme original, são desafiados quando sua rotina é abalada por uma grande oportunidade profissional, transformar seu restaurante de família em uma franquia. 

Pois é, apenas nove crianças, dez com um sobrinho que é jogado no meio da história. O mágico numero doze é alcançado somando os pais à conta. Conta essa que se perde novamente, quando a trama assume os antigos cônjuges do casal, como parte da família. Os pais biológicos de parte das crianças, são menos ausentes do que proposta indica. 

Além disso, a formação da família, unindo duas outras, e a possibilidade de diversidade que este formato proporciona, se assemelha mais à outra comédia familiar. Os Seus, os Meus e os Nossos, teve versões em 1968 e 2005, esta última já com um elenco mais diverso para compor a criançada. O novo Doze é Demais eleva essa possibilidade de diversidade com um casal inter-racial, e coloca esta miscigenação como um dos temas em pauta.

E agora que passamos do dilema da contagem, hora da problemática do filme. Esta se baseia na mudança de rotina, forçada por escolhas precipitadas do pai Paul Baker (Zach Braff) e no desconforto da mãe Zoey (Gabrielle Union) enquanto tenta apoiar as decisões do marido. O que acaba levando a trama a focar mais na jornada dos pais, do que na família como um todo. Restando à crianças pequenos dilemas, resolvidos de forma tão simplista quanto são apresentados. Dilemas aliás que nem contemplam todas as crianças igualmente. Os destaques acabam ficando com os mais velhos, especialmente Deja  (Journee Brown) e o sobrinho Seth (Luke Prael)

E já que comparações são invitáveis, sim a versão de 2003, também abordava as novas carreiras dos pais, e como isso afetava os filhos. Mas roteiro equilibrava melhor os dilemas de cada membro da família, e a tentativa dos pais em dar atenção à tudo. Além de apostar no caos que uma família numerosa pode causar, para construir uma relação do público com os pequenos, que consequentemente tem dilemas mais simples.

De volta ao filme de 2022, os dilemas apontados aqui vão além do óbvio, administrar uma família numerosa. A produção, fala de racismo, preconceito social, a necessidade de se encaixar, auto aceitação, além das dificuldades de uma família inter-racial em uma sociedade preconceituosa como a nossa. Todos abordados de forma leve, e superficial, afinal esta ainda é uma comédia Disney para toda a família. 

A comédia, novamente aposta nos erros dos adultos, e na sua inferioridade numérica. Trabalhando bastante piadas que conversem melhor com a geração tiktoker. E claro, em se tratando do estúdio do camundongo, o final feliz e cheio de boas mensagens está garantido. 

Apesar da boa proposta de adicionar diversidade à família, o desafio desta família Baker parece menor que a da família Baker de 2003. Não só pela diferença na quantidade de filhos, mas na forma de envolver cada um deles na problemática. Sem o carisma de  Steve Martin, e sem dar voz para que as crianças conquistem o público, o remake talvez consiga conversar com os novatos. Mas vai parecer simples demais, e entediar quem conhece o original. 

Doze é Demais (Cheaper by the Dozen)
2022 - EUA - 107min
Comédia

Doze é Demais é uma produção original Disney+, e já está disponível na plataforma. 

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