Morte no Nilo

 Mistério de assassinato e Agatha Christie, está aí uma combinação que sempre agrada! Logo, não é surpresa que apesar das recepção morna de Assassinato no Expresso Oriente de 2017, a franquia e dirigida estrelada por Kenneth Branagh tenha ganhado uma sequência. O caminho de Morte no Nilo das páginas para o cinema, no entanto, foi muito mais conturbado que o própria investigação de Poirot.

Os casal Linnet Ridgeway (Gal Gadot) e Simon Doyle (Armie Hammer), convidam amigos e entres queridos para uma longa viagem pelo Egito e celebração de seu recente casamento. Meio por acaso o famoso detetive Hercule Poirot (Branagh), se une ao grupo. É claro, enquanto seguem de barco pelo Nilo, um assassinato ocorre, deixando o detetive novamente com um mistério e mãos, cercados de suspeitos.

Difícil ignorar todos os problemas enfrentados pela produção antes de chegar às telas. Foram inúmeros atrasos agravados pela pandemia (sua data de estreia original era ainda em 2019), e diferentes polêmicas envolvendo seu elenco de estrelas. Desde o inofensivo vídeo musica de mal gosto de Gal Gadot e sua escalação para viver mais uma Cleópatra branca, passando pela anti-vacina Letitia Wright, até as graves acusações contra Armie Hammer. Provavelmente, haverão aqueles que não conseguirão abstrair estes casos, e acompanhar o filme alheios à realidade dos bastidores. 

De volta à produção, o primeiro grande mistério a ser desvendado é, quem vai morrer? E quando? Já que a produção gasta metade do tempo ambientando o público, apresentando e construindo personagens e suas relações. Não que haja grande profundidade em cada um deles, mas estes são muitos, tem intenções e caráteres distintos que o roteiro faz questão de deixar claros. Embora, esta introdução mais longa, pode deixar impacientes os mais ávidos pelo início do jogo de detetive.

Quem ganha mais profundidade é o protagonista. Conhecemos um pouco do passado do protagonista, as perdas que o fizeram o homem que é, e até a origem do pomposo e característico bigode. Ciente e completamente no controle de seu personagem Branagh continua construindo sua versão própria do personagem. Metódico, excêntrico, e ao mesmo tempo meio antipático e carismático, se é que isto é possível. E acima de tudo, humano, que tem anseios, paixões, que falha, e que precisa lidar com consequências, traumas e sentimentos. 

E por falar e paixões, este é o tema que circunda a trama. São casais e os atos que estes cometeriam por amor, que preenchem as motivações e bagagem destes personagens. Em segredos que vão muito além da morte que motiva a trama. 

E o elenco estelar, que já é uma tradição desta jovem franquia, entrega trabalhos eficientes. Embora como grupo não funcionem com tanta sintonia quando o grupo de Assassinato no Expresso Oriente, mas, pensando bem no desfecho do longa anterior, talvez esta diferença faça todo o sentido. Além de Bragnah, Gadot, Hammer e Writgh, estão em cena Sophie Okonedo, Emma Mackey, Tom Bateman, Annette Bening, Rose Leslie, Jennifer Saunders, Ali Fazal, Dawn French e Russell Brand.

O design de produção segue a riqueza de detalhes estabelecida no primeiro filme, que aqui vai além, explorando belas paisagens egípcias em CGI competente. Enquanto a fotografia cria atmosfera de calor e luxo, na qual os personagens estão inseridos. 

Com uma introdução intencionalmente mais arrastada, Branagh parece estar criando um estilo próprio para sua franquia. Tentando inserir a audiência na atmosfera do filme, dar-lhe valiosas informações e pistas, para que estes possam especular amplamente, quando o mistério finalmente começa. E acredite, as possiblidades e apostas serão muitas para aqueles que se deixarem envolver. 

Morte no Nilo não é um filme de mistério muito surpreendente, e nem pretende ser. Afinal o livro de Agatha Christie é de 1937, já foi adaptado antes, e inspirou inúmeras outras obras. Mas é envolvente, tem reviravoltas bem construídas, e um protagonista que consegue afastar nossos pensamentos das polemicas fora da tela. Não vai virar seu filme de detetive favorito, mas você vai adorar passar algumas horas na companhia deste Hercule Poirot.

Morte no Nilo (Death on the Nile)
2022 - EUA - 127m
Suspense

Leia a crítica de Assassinato no Expresso Oriente

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