A adolescente Katie (voz de Abbi Jacobson) e seu pai Rick (Danny McBride) não se entendem. A jovem acaba de ser aceita na faculdade, e está ansiosa por finalmente conhecer sua "tribo". Seu pai, em uma última tentativa desesperada de estreitar laços, resolve realizar uma longa viagem em família para levar a filha para a universidade. Mas sua viagem é interrompida pelo apocalipse robótico, e os Mitchell vão precisar trabalhar juntos para salvar o mundo.
Brincadeiras à parte, a revolta das máquinas em A Família Mitchell, é apenas o plano de fundo para uma problemática bem conhecida, o conflito de gerações e a importância da família. Uma história simples, e até bastante previsível que aqui ganha diferencial por sua abordagem linguagem atual, exagerada e cheia de energia.
Misturando animação técnicas de animação em 2D e 3D, com imagens e live action e fotos de memes da internet,. Abusando de grafismos e elementos saltando da tela, e elementos da cultura pop, o visual desta produção é ainda mais ousado e colorido que o surpreendente Homem-Aranha no Aranhaverso, animação "oscarizada" dos mesmos produtores Phil Lord e Chris Miller.
A intenção para tantos elementos em tela é clara, conversar com a geração mais jovem, acostumada ao ritmo acelerado e excesso de informação do TikTok e outras redes sociais. Tarefa que cumpre muito bem, dando uma edição ágil e inteligente, que dá tom frenético a aventura, sem deixa-la confusa, sobrecarregada, ou mesmo excluir as gerações mais velhas.
Sim, tem muita coisa pipocando na tela, mas o foco da jornada ainda é claro: superficialmente, salvar a humanidade. Nas entrelinhas resgatar a relação familiar desgastada pelo conflito de gerações, da forma mais simples e honesta possível. Fazendo fazendo um compreender a perspectiva do outro. É possível também perceber a jornada como uma alegoria aos dilemas LGBTQIA+, de se encontrar, assumir e ser aceito pela família.
Ainda há tempo também de leves críticas a sociedade atual. Desde nossa dependência com os dispositivos eletrônicos, passando pela vida perfeita inalcançável perpetuada pelas redes sociais, até grandes empresas de tecnologia que nem sempre fazem as melhores escolhas. Além de uma muito breve reflexão sobre o alcance da consciência pelas máquinas, tanto na figura da vilã Pal (Oliva Colman), quando dos robôs Eric e Deborahbot 5000 (Beck Bennet e Fred Arminsen)
É apenas em seu desfecho que a produção pode desagradar os mais exigentes. Isto porquê, durante toda a projeção, a família protagonista é tratada como desastrada e desajustada, mas nos momentos finais acaba ganhando habilidades que não tinham. Uma facilitação de roteiro, para alcançar mais rápido o desfecho desejado. Entretanto, a esta altura há tanta coisa acontecendo na tela, que muitos podem nem notar este furo de roteiro. Além disso, o apego pelos personagens desajustados pode ajudar a relevar, uma ou outra facilitação.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é uma produção da Sony que por causa dos empecilhos da pandemia acabou chegando ao público via Netflix. Indicada ao Oscar de Melhor Animação, traz uma proposta simples, mas uma execução ousada e vibrante, que a torna única. É leve, divertida, inteligente e com bastante conteúdo sob sua superfície frenética.
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (Título original: The Mitchells vs the Machines)
2021 - EUA - 113min
Animação, Aventura, Comédia
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