Grávida de nove meses Georgia (Chloë Grace Moretz) e seu namorado Sam (Algee Smith), cruzam o país na tentativa de encontrar um lugar seguro para criar seu bebê. No caminho um mundo devastado e dominado por androides que antes de se rebelar serviam aos humanos.
Uma mulher no estágio final da gravidez, sobrevivendo em condições insalubres, com um namorado visivelmente despreparado, e com um campo de guerra no caminho da última esperança de uma vida quase normal possível, são muitos os desafios, dilemas e questionamentos, que o argumento de Mãe x Androides possibilita. Entretanto, o filme da Hulu que no Brasil chegou com o selo Netflix, prefere seguir pelo caminho, mas raso e direto ao seu destino.
Quando digo seguir o caminho direto ao destino, é literalmente. O principal objetivo Georgia e Sam é chegar do ponto A ao B, superando os obstáculos no caminho. Estes são bastante variados e desafiadores, desde a solidão e a vulnerabilidade às intempéries, passando pela tensão de uma base militar, até o embate com os grandes vilões robóticos.
O roteiro leva o casal de desafio em desafio sem refletir muito sobre eles, em uma dinâmica de causa e efeito, conforme as atitudes o casal decide tomar. O que conta com alguns momentos de atitudes estúpidas, principalmente da parte do rapaz. Tornando difícil torcer por ele. E pouco crível quando a mãe põe a vida de seu bebê em risco por ele.
Já a personagem de Moretz, mantém atitudes mais coerentes, e conta com o carisma e bom trabalho de sua intérprete. À exceção de certo resgate que a moça encabeça. Este criado pelo roteiro como uma surpreendente virada na história, mas que por ter elementos forçados, logo é percebida pelo público, e não tem o impacto que deveria.
Enquanto isso, discussões como a humanidade e empatia dos sobreviventes, o instinto violento que este apocalipse aflora nos homens, o fato desta ser uma gravidez não programada, ou ainda o direito da humanidade em brincar de deus e criar seres apenas para escravizá-los depois, são apontadas, mas nunca de fato discutidas realmente. O que inclui a grande e melancólica decisão de seu desfecho. Há um material rico ali, mas o roteiro não descobriu a forma mais eficiente de abordá-lo.
A direção se sai razoavelmente bem com o baixo orçamento, especialmente na sequencia de abertura, com o primeiro ataque dos androides. No restante do tempo a produção se mantém em cenários simples, e ângulos bastante fechados. Pouco vemos, inclusive a barriga da protagonista. Recursos usados para economizar, mas que ampliam a sensação de solidão, desamparo e o sufoco constante em que os personagens vivem. Já as sequencias de ação, funcionam, mas não trazem nada memorável ou digno de nota.
Mãe x Androides consegue encontrar um ângulo novo, no já muito explorado argumento de rebelião das máquinas: uma gestação avançada em meio a guerra. E conta com uma atriz principal que consegue segurar o interesse do público. Mas escolhe o caminho mais genérico e seguro para desenvolver sua história. Quando tenta uma reviravolta, esta é incoerente e imprevisível. Ainda sim, o bom ritmo e a construção de tensão constante conseguem fornecer duas horas de entretenimento leve, ainda que esquecível.
Mãe x Androids (Mother/Android)
2021 - EUA - 110min
Ficção-ciêtifica, Suspense
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