Esquadrão Trovão

Uma paródia de filmes de super-heróis estrelado por  Octavia Spencer e Melissa McCarthy. A ideia inicial de Esquadrão Trovão é no mínimo promissora. Uma oportunidade de fazer humor em um subgênero que abarrota as telas atualmente, ao mesmo tempo que questiona e quebra seus padrões. Infelizmente o caminho que a produção da Netflix escolhe seguir, é muito menos rico e interessante. 

Pessoas superpoderosas surgiram no mundo, infelizmente todas elas são malvadas. Foi assim que Emily Stanton (Octavia Spencer) perdeu seus pais ainda na infância. Desde então dedica a criar uma maneira de se tornar superpoderosa e combater os supervilões. Tarefa que a afastou de sua melhor amiga Lydia (Melissa McCarthy). Anos mais tarde a dupla se reencontra, e por acidente acabam dividindo o tratamento de superpoderes de Emily, criando a equipe título do filme.

A vida continua normalmente em uma cidade povoada há décadas por bandidos superpoderosos. Aparentemente os vilões se contentam com assaltos à loja e destruição de bens públicos, e nem sequer saem da cidade. Este é apenas uma dos equívocos do roteiro de Esquadrão Trovão, que aposta em caricaturas e piadas fáceis. 

Acertadamente, o filme apresenta com rapidez sua problemática, colocando sem perder tempo suas protagonistas no desafio de se tornarem super. A partir dai o caminho é arrastado e previsível, com um treinamento longo, primeiras missões relativamente bem sucedidas, e um conflito de personalidades que separa a dupla antes do clímax. O que não seria um problema, caso as piadas que preencher este caminho, fossem inteligentes e entregues no devido tempo. 


Entretanto, o diretor e roteirista Ben Falcone, opta por tiradas óbvias, piadas sobre suas personalidades caricatas, idade e peso. Além de se estender e repetir demais em cada uma delas. Desperdiçando a oportunidade de brincar com o subgênero heroico, ao invés de rir de suas protagonistas. 

Protagonistas estas que poderiam tecer uma crítica bem humorada muito mais interessantes. Afinal, são duas mulheres acima dos quarenta anos, com o corpo fora dos padrões de filmes de super-heróis, e uma delas é inclusive mãe. Era nessa quebra de padrões, que estava o verdadeiro potencial da produção. Emily e Lydia poderiam inclusive, criar identificação positiva com um grupo geralmente negligenciado em filmes do tipo.   


Desperdiçado também é o elenco coadjuvante. Bobby Cannavale repete seu vilão usual. Pom Klementieff mal tem falas como capanga mal encarada. Enquanto Jason Bateman é o alívio cômico com suas patas de caranguejo!?!

Os efeitos especiais não impressionam, mas atendem às necessidades e estilo pândego da produção. Enquanto a trilha sonora traz uma combinação de músicas inusitada e interessante. 

Super-heroínas acima do peso, e idade, interpretadas por uma indicada e uma vencedora do Oscar, duas atrizes eficientes e extremamente carismáticas, e com timing para comédia. Esquadrão Trovão tinha tudo para ser um destáque entre as muitas tentativas da Netflix no universo dos heróis. Mas a produção opta pelo caminho mais fácil. 


Uma sequencia não é impossível, já que este humor mais óbvio, e que às vezes beira o preconceituoso (tem algumas piadas gordo fóbicas escondidas ali), ainda funciona com muita gente. Mas a carreira desta super equipe não deve ser muito longa ou memorável. Caricato e pouco inspirado, Esquadrão Trovão entra no superlotado limpo de possibilidades desperdiçadas. 

Esquadrão Trovão (Thunder Force)
2021 - EUA - 106min
Comédia

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