Após sobreviver a um incidente que devastou sua comunidade Dani Moonstar (Blu Hunt), acorda em uma misteriosa instituição para jovens com habilidades especiais. Local onde supostamente deveriam aprender a controlar seus poderes, logo se mostra lar de incidentes assustadores.
A promessa era de um filme de terro no universo dos X-Men, e os primeiros trailers eram promissores. Afinal ficar preso contra própria vontade em uma instituição com jovens poderosos descontrolados é por si só uma condição assustadora, que poderia ser potencializada pelas segundas intenções por trás de quem controla o local. Mas a entrega é de uma produção arrastada, que demora à acontecer e escolhe o previsível.
Enquanto tenta esconder demais o mistério fácil de adivinhar, o roteiro se empenha em criar pequenos sustos através de ilusões e flashbacks, que oferecem algumas informações sobre os personagens. Embora nunca trabalhe essas informações o suficiente para que algum deles possa ter um desenvolvimento eficiente. Os jovens tem traumas do passado que os assustam, e é isso. Algumas dessas ilusões são boas imagens de terror, mas perdem força pela forma mal trabalhada em que são apresentadas.
Já o mistério maior, que leva ao clímax, é revelado tardiamente (leia-se, quando o público já descobriu há tempos), servindo apenas como gatilho para o grande embate final. Este é a única grande demonstração de poderes, o que deve frustrar os fãs da franquia mutante, ávidos por verem as habilidades dos jovens.
São as personagens de Blu Hunt e Alice Braga que carregam os mistérios a cerca da instituição e dos eventos estranhos que ocorrem por lá. Enquanto a brasileira se esforça para dar coerência à sua doutora multitarefas (a Dr. Reyes é médica, carcereira, psicóloga, cientista, entre outras tarefas), apesar do pouco que o roteiro oferece. Hunt é inexpressiva, especialmente quando cercada pelo elenco de jovens talentos que a cerca. A moça mal consegue segurar sua função principal, a de nossa extremamente passiva representante em cena.
Maisie Williams, Anya Taylor-Joy e Charlie Heaton, entregam o melhor que podem dentro dos estereótipos que lhes foram oferecidos. Trabalho que o também brasileiro Henry Zaga, se esforça para entregar, mas não consegue por ter o personagem mais mal trabalhado do roteiro.
Apesar de todas essas críticas, Novos Mutantes não é uma perda total. As boas ideias estão lá, a ambientação é eficiente ao criar um lugar deprimente e hostil, e o elenco é eficiente. Faltou apenas trabalhar melhor estes elementos, para entregar uma obra mais complexa, e com ritmo mais agradável. O que foi entregue é um terror fraco, que deve assustar apenas criancinhas, e um mistério previsível. Não entedia, mas também não empolga e logo será esquecido.
É mais um caso de potencial desperdiçado, que sofreu ainda mais por não haver interesse na franquia, agora que os direitos dos X-Men pertencem à casa do Mickey. No final das contas, o grande terror atrelado à este filme, estava na dificuldade de lançá-lo e nas perdas que sofreu no processo, e não no que vemos na tela.
Os Novos Mutantes (The New Mutants)
2021 - EUA - 93min
Terror, Suspense
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