The Boys - 2ª temporada

Vou contar uma coisa que talvez faça os fãs de quadrinhos e séries me odiarem: eu não sou a maior fã do dos "The Boys" da série The Boys. Em geral, acho a saga dos super-falhos muito mais interessante. Dito isso, tenho ciência as tramas dos poderosos provavelmente não funcionariam tão bem, sem seu contraponto desprovido de poderes. E a segunda temporada da série baseada nos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson tem total ciência deste delicado equilíbrio. 

A batalha para derrubar a Vought continua, mas as peças estão e pontos diferentes do tabuleiro. Billy Bruto (Karl Urban) tem a busca por Beca (Shantel VanSanten), cabe então à Hughie (Jack Quaid) "comandar" o grupo considerado fugitivos da justiça. Já Luz-Estrela (Erin Moriarty) se recoloca no jogo, e mais aprende a jogar, trabalhando com os rapazes para desmascarar a Vought. Capitão Pátria (Anthony Starr) tem que aprender a lidar com sua nova "liberdade" e com a solidão que ela traz. Enquanto Rainha Maeve (Dominique McElligott), Trem Bala (Jessie T. Usher) e Profundo (Chace Crawford) buscam redenção cada um a sua maneira. Nenhum deles, no entanto, estava preparado para a nova integrante dos Sete, Tempesta (Aya Cash).

Reparou no tamanho do parágrafo acima? The Boys tem muitos personagens, e muita coisa acontecendo, o que pode ser um perigo se o roteiro não souber para onde está indo. O que não é o caso aqui, felizmente. Os encontros, desencontros separações, e reviravoltas e pequenos embates, são planejados para ladrilhar o caminho para o clímax e para as perguntas a serem trabalhadas no já confirmado terceiro ano da série. E mais importante, cria arcos satisfatórios para todos o personagens principais.

Desde a mudança de postura de Capitão Pátria, que vai de totalmente dependente de  Madelyn Stillwell (Elisabeth Shue) à figura paterna distorcida de Ryan (Cameron Crovetti). Passando pela obsessão de Bruto por sua esposa, a jornada de agente dupla e reafirmação de independência de Luz-Estrela. Até arcos menores, como o de Kimiko (Karen Fukuhara). 


É claro, com tanta gente em cena os holofotes precisam oscilar entre um e outro, focando na trama que é mais adequada naquele momento da história maior. É assim que Francês (Tomer Kapon) ganha um episódio focado nele. Enquanto Hughie perde, por ser o "mais normal" da equipe, por muitas vezes soa apagado, ou mesmo como mero recurso para os embates entre aqueles que o cercam. Mas sim, ele tem seus bons momentos, como o ciclo encerrado na relação entre ele e Trem Bala nos episódios finais. 

Se teve alguém que roubou os holofotes foi a Tempesta! - SPOILERS A PARTIR DAQUI!!! - O arco da nova Super/Vilã é o melhor desenvolvido. E o que mais traz discussões atuais para enriquecer a trama, o ressurgimento de ideais nazistas como a superioridade étnica, a manipulação das massas pelas redes sociais, fake news e até o porte de armas (basta trocar o "acesso ao composto V", por acesso à armas de fogo nos discursos da moça). 

A super se passa por modelo de feminista poderosa, e mantém a segurança e o carisma mesmo quando sua máscara cai. Mérito de Aya Cash, que encontrou o tom exato para criar uma nova vilã que amamos odiar, sem ofuscar a importância das críticas atreladas à figura dela (pois é, genocídio branco NÃO EXISTE!). Por isso não é surpresa, o elevado nível de satisfação no embate entre a nazista e as outras superpoderosas em cena. Uma verdadeira sequencia de girl power.

Referências, brincadeiras e paródias completam o pacote de riqueza de conteúdo do programa Desde um ex-X-Men com poderes opostos  ao que tinha na franquia dos mutantes, passando por uma paródia da cientologia, entre outras curiosidades e easter-eggs a serem pescadas pelo público. 

A segunda temporada de The Boys é de explodir cabeças (literal e figurativamente). Agora, além da excelente paródia sarcástica dos universo dos super-heróis, também abre espaço para críticas atuais e contundentes. Exagerada, gore e meio brega como deve ser, é divertida, bem construída e inteligente. 

Se em 2019 a série que tem "garotos comuns" no título, era uma novidade e um respiro nas produções baseadas em quadrinhos. Em 2020, um ano sem "Superestreias", é quem nos leva de volta à esse mundo super heroico, matando as saudades sem deixar de ser adoravelmente debochada!

As temporadas de The Boys tem 8 episódios com cerca de uma hora cada. Todos estão disponíveis na Amazon Prime Vídeo.  

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