Kate (Mackenzie Davis) é contratada para ser tutora, em uma rica e isolada mansão, da pequena Flora (Brooklynn Prince), que perdeu os pais em um acidente de carro. Não demora muito para estranhos eventos na residência, e o retorno de Miles (Finn Wolfhard), irmão adolescente da menina transformarem o trabalho em uma experiência nada agradável.
Com uma premissa bastante conhecida, o romance de James foi lançado em 1898 e tem ganhado adaptações e inspirado outras histórias desde então, fica a cargo da execução tornar esta nova versão algo novo. E a intenção é claramente esta. A direção de Floria Sigismondi é eficiente explorando bem os espaços da estranha mansão, e criando, ao lado da fotografia, uma atmosfera incômoda e sombria.
Enquanto isso a personagem de Brooklynn Prince, foge do esperado estereótipo de criança macabra. Flora é sim traumatizada pela morte dos pais, e vive em uma casa estranha, com hábitos estranhos, mas isso não a impede de agir como criança na maior parte do tempo. O mesmo não se pode dizer de Miles, que na tentativa de ser um personagem instável, soa apenas mimado e irritante. Já Mackenzie Davis entrega um trabalho eficiente, embora uma apresentação melhor de Kate pudesse conferir mais coerência às suas ações e reações.
É roteiro que explora pouco seus personagens, a mansão e sua história, preferindo apostar no acontecimentos estranhos, tensão e sustos. Ao mesmo tempo usa essa escassez de detalhes para criar dúvida no espectador. O que de fato funciona. Assombrações, pessoas vivas mal intencionadas, acobertamento de um crime e alucinações da professora, estão entre as possibilidades que passam na mente do espectador durante a projeção. O que oferece um leque de possibilidades para seu desfecho, que vai desde a confirmação de alguma destas possibilidades, o surgimento de novas, e até o final em aberto proposital.
Entretanto o caminho escolhido é uma quebra abrupta e mal finalizada, que soa como trabalho trabalho inacabado. Para os roteiristas, que provavelmente conheciam bem passado e motivações dos personagens, talvez faça sentido. Mas, como escolheram desenvolver pouco estes detalhes no roteiro, para o público a sensação é de "ué?! Acabou?".
Cheio de potencial, como uma boa história, direção, fotografia e elenco, Os Órfãos não atinge seu melhor por causa do roteiro que não explora bem o bom material que tem. Os pontos positivos conseguem criar a tensão e manter o espectador interessado, mas o final anti-climático, o fará sair da sala escura confuso e com a sensação de experiência incompleta.
Em um gênero com tantas mansões mal assombradas, esta adaptação de A Outra Volta do Parafuso, não será esquecido rapidamente como outras produções com o tema. Mas, provavelmente será lembrado pelos motivos errados. Ao menos, vai render uma boa discussão pós sessão com os amigos.
2020 - EUA - 94min
Terror
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