Comic Con Experience: A Experiência 2019

É isso. Não tem mais jeito, as memórias frustantes da CCXP 2019, superaram seus momentos épicos. E antes que você, que ainda está apaixonado pelo evento, me acuse da infame prática do "mimimi", aí vai um breve histórico da minha relação com o evento.

Esta blogueira que vos escreve estava lá desde o princípio, em 2014. O São Paulo Expo era absurdamente menor, o numero de estandes e convidados também. Mesmo assim, o encantamento foi imediato. Em 2015 a bagunça era enorme com o crescimento repentino, mas o esforço para funcionar era visível. Na edição de 2016 tudo parece ter funcionado direitinho, com um bom equilíbrio de espaço e público. A partir de 2017 a superlotação começou a causar problemas, ao mesmo tempo que a disponibilidade dos organizadores para ouvir o público parece ter diminuído. Para quem frequenta a feira, o foco agora parece ser agradar estúdios e VIPs. Problemas que se repetiram em 2018, e agravaram em 2019, chegando ao estado crítico.

Todo este processo de desencantamento, foi registrado anualmente neste modesto blog. (leia sobre as edições de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018) Embora até o entusiamo de escrever sobre a feira tenha diminuído nos últimos anos. Ao contrario do que se possa pensar, não gosto de fazer texto apenas para criticar coisas.

De volta à edição 2019...

A palavra é "superlotação"!
São 65 mil pessoas circulando pelo evento nos quatro principais dias. O São Paulo Expo suporta essa lotação, o que não significa que o evento comporte. O auditório é o indicativo mais gritante, com pouco mais de 3000 lugares, não comporta nem 10% do público, o que somado ao "hype" construído por semanas, gera ansiedade, caos e frustração.
Painel de Aves de Rapina - Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa!
A fila de sábado para o auditório deste ano começou a se formar ainda na quinta-feira, as pulseiras terminaram por volta das 20h da sexta-feira, antes mesmo do evento fechar as portas naquele dia. O resultado? Muito bate-boca, ameaças, brigas e uma noite de tensão para aqueles que conseguiram um lugar. Frio, blackout e correria na madrugada estão entre os relatos dos participantes. Ah! E para conseguir seu lugar muitos deles perderam parte do evento na sexta-feira, alguns o dia inteiro.

"Mas você deve ir pelo evento, não por um ou outro convidado."

Aplicativo da Warner
Eu costumava dizer isso. O problema é, não dá para fazer muita coisa no evento também. São horas preso na fila para cada atividade, limitando a quantidade de coisas que conseguimos participar. Alguns estandes até tentaram resolver a situação.

HBO e Netflix conseguiram reduzir o tempo de filas distribuindo pulseiras com horários marcados. O problema? Se você não bateu ponto no estande assim que o evento abriu, não conseguiu uma. O aplicativo da Warner com marcação ao longo do dia resolveria este problema, se funcionasse.

Ao menos o esforço dos estandes em resolver é mais evidente do que o da própria CCXP. Por outro lado, os estandes gigantescos dos grandes estúdios, além de eliminar completamente as marcas e lojas menores (justo aquelas com boas promoções), dificultam a circulação. Resumindo, mesmo se você escolher apenas passear pela feira, será uma tarefa difícil.

Outros problemas...

Alimentação à preços altos, problema presente em todo evento fechado no Brasil.

O nó que se forma na único acesso do São Paulo Expo, especialmente no fim do dia, quando todos saem ao mesmo tempo.

O confuso sistema de filas na entrada, que nem sempre os funcionários conseguem seguir.

Os privilégios pagos. Desde 2017 visitantes com os pacotes Épic e Full ganharam uma hora a mais de feira. Quer dizer que abre mais cedo para eles? Não. Todos os outros entram uma hora mais tarde.

O público também tem sua parcela de culpa, que exagera, tenta burlar o sistema, furar filas, comprar/furtar pulseiras, pegar mais brindes que precisa, e passa por cima de tudo e todos para supostamente "viver o épico". Foi por causa desse desespero que Ryan Reynolds quase se acidentou no mini auditório do Omelete.
Os brindes que causam correria nos quatro dias. Será que vale tanto stress por pôsteres e sacolas?

É possível resolver?

Sempre é. Entretanto, diferente de 2014 e 2015, a CCXP parece estar menos disposta à ouvir o público. Como é possível ver neste esclarecimento que a organização forneceu ao UOL, logo depois do site publicar uma matéria apontando os problemas. Muita auto-afirmação, nenhuma indicação de que estão ouvindo as reclamações, conferindo sua veracidade, e buscando alternativas para melhorar.

2019 teve alguns momentos épicos, perdidos em meio a ansiedade, cansaço e muita frustração. A superlotação é provavelmente o grande problema, mas o São Paulo Expo não tem para onde crescer, e dificilmente os organizadores sequer cogitarão diminuir o número de ingressos. Logo, está difícil enxergar melhora.

Termino este texto pedindo desculpas caso minhas palavras tenham sido duras, ou vão de encontro com a opinião de quem ainda está apaixonado pelo evento (bom para você). Mas, após seis anos apoiando o evento, eu precisava contar como fui me "desapaixonando" da experiência. É uma pena, que agora eu precise ser convencida de que um evento que já curti tanto ainda vale à pena. Alguém quer tentar me ajudar a ver o lado bom?

Leia mais sobre a Comic Con Experience

Post a Comment

Postagem Anterior Próxima Postagem