POKÉMON: Detetive Pikachu

Nascidos nos games, os Pokémon já habitam a cultura pop há mais de duas décadas. Alternando momentos de calmaria, com aqueles em que um novo produto relacionado à franquia se torna um fenômeno cultural, como no lançamento de sua primeira animação, ou do jogo Pokémon Go!. POKÉMON: Detetive Pikachu, é a mais nova investida para mais uma fase de pica deste universo que está sempre presente.

Após a morte do detetive Harry Goodman, seu filho Tim (Justice Smith) se une ao parceiro Pokémon do pai, um Pikachu desmemoriado (voz de Ryan Reynolds), para descobrir o que está por trás do incidente. Para a surpresa da dupla, pela primeira vez um humano consegue entender a fala de um Pokémon . É claro, eles acabam esbarrando em um plano muito maior, que pode afetar a vida de todos em Ryme City, primeira cidade onde humanos e Pokémon vivem em harmonia.

Inspirado no jogo de mesmo nome, o longa deixa de lado as tradicionais, e potencialmente problemáticas batalhas (afinal, são rinhas de animais), para focar em uma trama simples de mistério. E quando digo simples, é na versão mais extrema da palavra. A trama não traz grandes surpresas, o mistério e as reviravoltas são bastante previsíveis, mas funcionam perfeitamente para o publico alvo principal da produção. O foco deste live-action é o público infantil.

Mesmo os mais novinhos conseguirão acompanhar a investigação de Tim e Pikachu, que deixa de lado enigmas e quebra cabeças complexos e segue quase que por acidente ao longo da trama. A dupla segue a primeira informação que consegue em cada parada, e o caso evolui. Já o plano maligno misterioso, é mirabolante, absurdo e exagerado, e com várias alternativas melhores facilmente notadas por aqueles que se dispuserem a pensar por alguns segundos a mais no caso. Mas calma, mas isso não é uma crítica. Eram exatamente assim, as tramas da animação que explodiu no final dos anos de 1990 (quanto às mais recentes, não sou capaz de opinar). Se funcionava para a molecada daquela época, provavelmente vai entreter as de agora. Pode não ser o melhor uso da premissa, mas é coerente com o universo da franquia.

Enquanto os pequenos se divertem com a brincadeira de detetive, os fãs crescidinhos tem sim no que se concentrar. É na construção deste universo que está o maior acerto de Detetive Pikachu. À começar por Ryme City, a cidade fictícia é uma bem construída mistura de metrópoles de nosso mundo. A convivência pacífica entre humanos e as criaturas, lembram o ideal de mundo do recente Zootopia, além de ser a desculpa perfeita para encher a tela com os centenas de Pokémon existentes.

E por falar nos bichinhos, é sua versão foto-realista o que mais chama atenção na produção. As criaturas em CGI funcionam bem inseridas um mundo com atores de carne e osso. São realistas, sem deixar de ser coloridas e fantásticas. Alguns usam as poucas semelhanças que tem com animais reais a seu favor, como texturas e pelos, como próprio "rato" pikachu ou "dragão" charizard. Outros apostam na proposital estranheza que são, à exemplo do transformo Ditto. Da mesma forma, alguns são aproveitados melhores que outros pela narrativa, a grande maioria em sequencias isoladas que exploram suas habilidades, como a excelente aparição de um Mr. Mime.

Com tanta concorrência, os humanos acabam sendo a parte menos interessante em tela. Justice Smith é eclipsado pelo parceiro com a voz e malandragem de Ryan Reynolds (na versão legendada, a versão dublada conta com a boa dublagem de Phillippe Maia). Kathryn Newton, vive o interesse romântico de Tim, uma aspirante a repórter esperta, atrevidinha e previsível. Enquanto Bill Night e Ken Watanabe dão vida à estereótipos que não exigem nada além de uma atuação automática dos veteranos.

Surpreendentemente, Detetive Pikachu não aposta todas as fichas na nostalgia. Há sim momentos para servir aos fãs de longa data, como o uso da música tema na melhor piada da produção, mas o foco é mesmo um público mais jovem. Embora os fãs mais hardcore, sempre possam perder horas tentando lembrar o nome de cada Pokémon espalhado em cada cantinho da tela.

Surpreendendo, ou não, muito marmanjo que cresceu com os fofos monstrinhos, POKÉMON: Detetive Pikachu não é para eles, mas para as novas gerações. Feito para um público com pouca bagagem, não tem a pretensão de ter uma trama complexa, e muitas surpresas, mas mergulha bastante no rico universo das criaturas. E apesar da trama simples, o filme deixa claro que todas as idades são bem vindas, para apreciar suas belas criaturas de visual caprichado. Afinal, quem não adora um monstro fofo e bem feito?

POKÉMON: Detetive Pikachu (Pokémon Detective Pikachu)
2019 - EUA, Japão - 105min
Aventura

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