The Walking Dead - 9ª temporada (parte 2)

A primeira metade do nono ano de The Walking Dead, terminou mostrando o resultado do afastamento das comunidades, após o colapso das pontes literal e metafórica que as unia. A partir daí, a segunda parte tinha duas tarefas principais. Detalhar as causas e consequências deste distanciamento. E sedimentar a nova fase do programa que neste ano se despede de muitos de seus principais personagens. Além das despedidas de Rick (Andrew Lincoln), Maggie (Lauren Cohan) e Jesus (Tom Payne) cujos interpretes decidiram deixar a série, Michone (Danai Gurira) deixará de integrar o elenco fixo na décima temporada.

Ao menos a morte de Jesus, que marca a volta do hiato, trouxe uma boa surpresa. A inclusão de sequencias de terror em alguns episódios, a volta dos zumbis como uma verdadeira ameaça. E a apresentação de uma novo grupo muito esperado pelos fãs. Os Sussuradores finalmente dão as caras na série.

Capitaneados pela excelente atuação de Samantha Morton, constituem um antagonismo diferente do estabelecido pelo Governador e Negan, cujo carisma e fala mansa nos fazia amá-los e odiá-los ao mesmo tempo. Com Alpha o sentimento é de temor e ódio, simplesmente. A apresentação desta ameaça é crescente e bem construída, embora precise ser sustentada em personagens diferentes das HQs, e por vezes, menos carismáticos. Sim, estou falando do jovem e irritante Henry (Matt Lintz).

Ao mesmo tempo, descobrimos acontecimentos que marcaram e afastaram Alexandria, Hilltop, o Reino e Oceanside nos anos que se passaram desde a partida de Rick. E acompanhamos sua reaproximação necessária conforme um novo inimigo surge. Novos personagens são apresentados. Alguns com carisma suficiente para ocupar os espaços vagos, se forem bem trabalhados.

O caminho que a série escolhe para desenvolver estas duas tarefas é interessante e até bem explorado. É no ritmo que o programa deixa a desejar. Com muitos momentos lentos e contemplativos, e ainda separando bastante os núcleos, os episódios funcionam bem se assistidos em maratona. Entretanto, para aqueles que consomem a série semanalmente, o tom é arrastado e irregular. Os episódios de construção, naturalmente mais lentos estão à uma semana de distância daqueles em que a história realmente acontece. Talvez a atual consolidação dos serviços de streaming (a AMC que produz The Walking Dead também terá sua plataforma), já esteja pesando no estilo adotado pelos roteiristas.

Já a mudança do grande evento da temporada para o penúltimo episódio, ao invés do season-finale que se tornou um episódio de observação das consequências, pegou muita gente de surpresa. O formato tradicionalmente usado por Game of Thrones, funcionaria se o ritmo da temporada como um todo fosse mais regular. Ou, novamente, em uma maratona. Aqui, tornou o último episódio da temporada apenas morno.

Contudo, há sim uma recompensa para os bravos espectadores que acompanham a série semanalmente. Em meio à tanta (re)construção e contemplação, é possível destacar bons momentos que se beneficiam desta elaboração mais lenta. Como o desfecho do penúltimo episódio, ou ainda o capítulo que explica os receios de Michone, que conta com a excelente atuação de Gurira. E por falar nas atuações, em média elas continuam ótimas especialmente entre o elenco mais antigo, já mais que confortável em seus personagens. Entre os novatos os destaque ficam com a já mencionada Samantha Morton, Lauren Ridloff que interpreta a deficiente auditiva Connie e Cailey Fleming, a nova Judith.

A filha de Rick também é o exemplo perfeito de outro ponto forte da temporada, a construção de relações. A dinâmica entre Judith e Negan (Jeffrey Dean Morgan) é a melhor em cena, mas outros personagens também conseguem começar a estabelecer amizades. São essas relações que devem nos fazer se importar com essas comunidades e seus moradores, e consequentemente com a serie como um todo.

O nono ano de The Walking Dead tinha desafios enormes, mas a nova showrunner Angela Kang, aparentemente conseguiu arrumar a casa, e apontar um novo caminho para o programa. A base para a décima temporada está pronta, falta apenas encontrar um ritmo que funcione bem tato para os maratonistas de sofá, quanto para o tradicional público semanal. Começar a encaminhar a série para um desfecho também não seria má ideia, mas eu divido que a AMC esteja pronta para abandonar sua mina de ouro tão cedo.



The Walking Dead é exibida no Brasil pela Fox, a nona temporada tem 16 episódio. Temporadas mais antigas do programa estão disponíveis também na Netflix. O décimo ano já está confirmado, e existem planos para longas-metragem derivados estrelados por Rick Grimes (Andrew Lincoln).

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