
Praire, ou OA, compartilhou sua história com seus cinco amigos aleatórios, e consequentemente com a gente. Uma série de eventos obrigou o grupo a executar os cinco movimentos em um momento chave. E apesar de toda a dúvida que os primeiros episódios criara sob sua história, a protagonista conseguiu sim, viajar para outra dimensão atrás de seus outros cinco companheiros. A complicação agora é compreender sua vida nesta nova dimensão e resgatar seus amigos da influência de HAP (Jason Isaacs).
Entretanto, esta nova dimensão tem sua própria narrativa. Nela acompanhamos a buscar do detetive Karim Washington (Kingsley Ben-Adir) por uma adolescente vietnamita desaparecida. Não é spoiler dizer que eventualmente sua investigação vai esbarrar em OA. Bem como na jornada dos amigos que a moça deixou para trás. Steve (Patrick Gibson), Jesse (Brendan Meyer), French (Brandon Perea), Buck (Ian Alexander) e BBA (Phyllis Smith), buscam informações sobre o salto da amiga, ou apenas estão todos com transtorno pós-traumático e incapacidade de processar o luto.
Apesar dos muitos núcleos, esta segunda parte é muito mais equilibrada que a anterior. Alternando constantemente entre Praire, Karim e o grupo deixado para trás, criando a mesma tensão e interesse pelos três núcleos, e respeitando o tempo que cada um precisa para contar sua história. Assim, a protagonista e o detetive tem mais tempo de tela que Steve e companhia.

Karim, está como nós espectadores estávamos no primeiro ano. Montando o quebra-cabeças, enquanto tenta descobrir no que pode acreditar. O personagem é uma das melhores adições destes novos episódios, que incluem algumas pessoas por mera conveniência de roteiro, e por isso as deixa soltas em muitos momentos. É o caso de Angie (Chloë Levine), trazida apenas para completar o grupo necessário para fazer os movimentos. O que não significa que estas aquisições não ganhem maior função, caso haja uma parte três. Por hora estão ali apenas para fechar a conta.


É esse o maior mérito e a melhor parte de The OA. Conseguir conciliar uma quantidade de absurda de incertezas em um roteiro coeso. Trata-se de uma profusão de conceitos novos e difíceis de compreender, mistérios, ambiguidades e dúvidas que ao mesmo tempo confundiram e viciam quem está do lado de cá da tela. É esta estranheza desde universo e quebra-cabeças a ser superado, que nos mantém colados no sofá. Em outras palavas, não faz sentido, mas está interessante, então vamos em frente!
O funcionamento deste mundo non-sense, é mérito de seus criadores Zal Batmanglij e Brit Marling. A dupla está envolvida em todos os aspectos da produção, além de criar e escrever, ela estrela, ele dirige. E principalmente, parecem ter completo controle e conhecimento deste universo, mesmo que não estejam nem um pouco preocupados em explicá-lo em detalhes para nós. A intenção da série, é nos fazer pensar por conta própria sobre fé e outros dilemas humanos, conceitos de ficção cientifica como multiverso, viagens interdimensionais, experiencias de quase morte, nossa submissão à grandes corporações e sistemas, nossa sede por compreender o incompreensível, nossa conexão uns com os outros. Durante as oito horas de maratona, pensamos em cada uma destas coisas, e em tudo isso junto. Antes de sermos abandonados com muitos outros novos questionamentos em seu surpreendente final.
The OA vai de encontro ao proposto pela maioria das séries de qualquer formato. Ela não está preocupada em te explicar tudo para te manter interessado e preservar sua audiência. Quer apenas que você acompanhe e tire as conclusões que desejar, uma vez que mesmo as respostas que oferece não são definitivas. Sim, é a curiosidade criada por uma narrativa cheia de mistérios que te faz ficar até o fim. Mas é a liberdade pela busca de respostas que te faz achar a jornada maravilhosa.
No primeiro ano eu não tinha certeza se tinha gostado de The OA, mas não havia dúvidas de que a série despertara meu interesse. Agora tenho certeza, acho uma obra genial e complexa. E fico na torcida para que a Netflix dê continuidade, e que a produção não se perca em sua complexa mitologia.
A primeira e a segunda partes de The OA tem oito episódios cada. Todos já disponíveis na Netflix.
Leia a crítica da 1ª temporada e confira esta lista de informações úteis para sua maratona da série.
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