Unbreakable Kimmy Schmidt - 4ª temporada (parte 2)

A primeira geração de séries da Netflix está chegando ao final de suas narrativas. House of Cards teve uma pouco satisfatória última temporada. Demolidor foi cancelada logo após a liberação de seu terceiro ano. Agora é a vez de Unbreakable Kimmy Schmidt se despedir mas, diferente de suas colegas de streaming, a comédia chega ao seu final mantendo seu espírito inquebrável.

Já faz anos desde que Kimmy (Ellie Kemper) foi libertada do Bunker onde ficou presa por 15 anos, após ser sequestrada por um líder de uma seita estranha. Ela já se adaptou aos tempos modernos, atualizou suas referencias, enfrentou seu passado dentro e fora do cativeiro, terminou os estudos, começou uma carreira, experimentou novos relacionamentos e até criou uma família disfuncional tão louca quanto ela. Falta apenas encontrar seu lugar definitivo no mundo, encerrar arcos, resolver os últimos dilemas, fazendo as últimas críticas pertinentes à nossa sociedade. É exatamente isso que seus últimos episódios fazem.

A quarta e última temporada da série foi dividida em duas. Os seis primeiros capítulos foram lançados em Maio de 2018, tornando a série elegível para o Emmy daquele ano. Os demais episódios chegaram agora, em Janeiro de 2019, continuando o desenvolvimento iniciado na primeira metade da temporada. Leia aqui as impressões sobre estes episódios.

Esta segunda parte se mantém afiadas nas criticas e temas atuais. Empoderamento feminino, igualdade de gênero, culto à celebridades, movimentos como o "Time's Up" e "MeeToo", estão entre os principais temas abordados ora de forma sutil, ora escrachada - vide à paródia de Donald Trump. Sempre de forma absurda e quase inacreditável, com diálogos inteligentes e muito rápidos. Eu disse quase inacreditável, já que situações que beiram os limites do absurdo são características do universo da série.

Ao mesmo tempo a produção se despede de todos os personagens, fixos, recorrentes e até participações especiais. Perceber que o roteiro se preocupou com o destino de personagens como as Mulheres Toupeiras ou Xanthipppe (Dylan Gelula) é extremamente satisfatório, além de dar ao público a oportunidade de se despdir da série como um todo. A cena entre a adolescente e Kimmmy, por exemplo, resgata uma das melhores dinâmicas do primeiro ano do programa.

O retorno de conhecidos não impede que a série traga novas e surpreendentes participações. As aparições de Zachary Quinto e Jon Bernthal são as que mais se destacam. Bernthal ainda abre portas para piadas internas com a própria Netflix, já que o ator está presente em outras duas séries da plataforma, Demolidor e Justiceiro, onde faz o personagem título. Não é a primeira vez que a se érie faz esse tipo de brincadeira, em uma temporada anterior, uma personagem foi parar em Litchfield, o presídio de Orange is The New Black.

Com tanta gente indo e vindo, o tempo para explorar melhor os arcos de Kimmy, Titus (Tituss Burgers), Jacqueline (Jane Krakowski) e Lillian (Carol Kane) pode soar curto para alguns. Mesmo assim, o programa consegue administrar o tempo que tem para levar o arco de cada um deles à um desfecho coerente, tanto com seus estereótipos assumidos, quanto com o universo absurdo em que vivem. E pasmem, todos ganham um final relativamente feliz e otimista, à exemplo do estado de espírito principal de sua protagonista.

Há inclusive, tempo para um episódio completamente fora de curso. O nono episódio, Sliding Van Doors, é mais longo e o único que não tem o nome da protagonista no título. Ele mostra como seria o mundo se a moça nunca tivesse entrado na van do reverendo. Apesar na pausa da história principal, a mudança de perspectiva traz pontos interessantes e não quebra o ritmo frenético e louco da narrativa.

Vibrante e colorida, Unbreakable Kimmy Schmidt, criada por Tina Fey e Robert Carlock, é provavelmente a série mais subestimada desta primeira geração da Netflix. Ela conseguiu a proeza de ser encerrada, ao invés de cancelada, e seguiu com a mesma qualidade até seu desfecho. Nos despedimos de Kimmy com o mesmo ritmo frenético, criticas mordazes e bom humor com os quais a conhecemos. Que venha agora a despedida de Orange is The New Black.

Unbreakable Kimmy Schmidt tem quatro temporadas. Os três primeiros anos tem treze episódios cada, enquanto a temporada final apenas doze. Todos já disponíveis na Netflix.

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