Fãs de The Walking Dead foram pegos de surpresa pelas saídas de Andrew Lincoln e Lauren Cohan pouco antes da nona temporada da série estrear. Enquanto os criadores receberam um verdadeiro desafio: perder ao mesmo tempo seu protagonista e a melhor substituta para o cargo, já que a Maggie teve seu arco de líder bem desenvolvido durante as temporadas mais recentes. Para sobreviver a esse baque, a produção precisa se reinventar, e talvez esta seja a melhor coisa que poderia acontecer ao programa.
Esta primeira temporada do nono ano da série aborda estabilização e despedidas. Inicialmente estabelecendo a nova ordem social pós-guerra contra os Salvadores. Com um salto de tempo, acompanhamos a tentativa das comunidades, inclusive a derrotada, de sobreviver juntas apesar de suas divergências. Os grupos tentam construir uma literal e metafórica ponte, cujo sucesso ou fracasso, vai determinar seus futuros.
É aqui que entra a fase de despedidas. Uma solução esperta e, principalmente, pragmática tira Rick (Lincoln) de cena. Para seus companheiros o personagem está morto, para nós ainda é uma possibilidade. O episódio de despedida é um dos pontos altos, cheio de metáforas, referencias e uma delicadeza notável. Mas, o ator deve protagonizar filmes no mesmo universo, o que facilita sua aparição na série para um possível encerramento. Uma opção menos elaborada, mas misteriosa é criada para Maggie (Cohan). Deixando evidente que os produtores tem esperança no retorno da atriz, afastada por divergências salariais.
Um segundo salto de tempo vem para estabelecer este mundo novamente, agora sem Rick e Maggie. É aqui que a coisa complica. Assim como as comunidades, o show precisa buscar novos líderes para seguir, mas não passou muito tempo construindo seus personagens para tal. Forçando uma nova dinâmica onde personalidades não tão adequadas, ou dispostas precisam assumir o papel. O resultado são rusgas e desconfianças entre Alexandria, o Reino e Hilltop, criadas neste intervalo de tempo e das quais não sabemos nada. É nesta curiosidade e no apreço que temos por alguns dos personagens que restaram, que The Walking Dead está apostando suas fichas.
O motivo para a partida de Maggie, o afastamento de Daryl (Norman Reedus), e a postura fechada e rabugenta de Michone (Danai Gurira), são as dúvidas que povoam a mente dos espectadores. Há também personagens que cresceram durante "nossa ausência", Tara (Alanna Masterson), Enid (Katelyn Nacon) e Eugene (Josh McDermitt), se mostram mais ativos e conscientes na comunidade, o último inclusive com um pouco de uma coragem que nunca teve. E relações promissoras a serem exploradas, como aquela entre Negan (Jeffrey Dean Morgan) e Judith (Cailey Fleming). Agora crescida, a garota tem voz e personalidade, e talvez herde a relação que o irmão mais velho tem nos quadrinhos com o vilão.
E por falar em vilão, uma nova ameaça há muito esperada pelos fãs finalmente foi apresentada, os sussurradores. Novos personagens também são apresentados para manter a densidade demográfica entre os vivos.
Parece muita coisa para apenas oito episódios? Não é. As muitas tarefas a serem cumpridas pelo roteiro neste primeiro ato, tornaram os episódios mais dinâmicos e equilibrados. Embora dois deles ainda tenham soado mais arrastados, o resultado é bastante diferente das primeiras metades de temporadas anteriores, onde geralmente o primeiro e o ultimo episódios eram os únicos realmente bons.
Os primeiros episódios desta temporada de The Walking Dead, tiveram a função de estabelecer e apresentar a nova ordem deste mundo. Introduzir novas funções personagens e ameaças, antes do hiato de fim de ano, que óbviamente termina em um enervante cliffhanger, ou o irritante gancho. A expectativa pela situação em aberto pode se perdoada, se considerarmos que esta está situada em um episódio que flerta mais com o terror. Outra bem vinda mudança na série.
Ainda não é possível afirmar com certeza como a série de zumbis vai caminhar sem seu forte protagonista. Mas a produção parece estar ciente de que vai precisar se esforçar, explorar novas dinâmicas, dar voz a mais personagens. A promessa de uma bem vinda nova fase está lançada, resta torcer para que os próximos passos não sejam cambaleantes como os dos mortos andantes que povoam e dão título a série.
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The Walking Dead é exibida no Brasil pela Fox, os episódios da primeira à sétima temporada estão disponíveis na Netflix. A segunda metade da nona temporada estreia em 10 de fevereiro de 2019.
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