A Princesa e a Plebéia

No Natal de 2017 um fenômeno curioso relacionado à uma produção da Netflix aconteceu. O Príncipe do Natal se tornou um sucesso, tanto para o bem, como para o mal. A comédia romântica bobinha pensada para ser um sucesso, sem se importar com as críticas - e foram muitas - chamou a atenção de todos, alguns amando outros odiando. Opiniões à parte, a plataforma de streaming estava mesmo interessada na atenção desviada dos "canais tradicionais" para seus serviços. Logo, não é surpresa, uma nova leva de produções do gênero foi programada para as festividades de 2018. A Princesa e a Plebéia é uma delas.

A confeiteira Stacy De Novo (Vanessa Hudgens, High School Musical) está na fossa pós-fim de relacionamento, e é encorajada pelos amigos à participar de um concurso natalino de confeitaria no reino de Belgravia. Lá ela esbarra na duquesa prometida ao príncipe do país, Lady Margareth (Vanessa Hudgens). Ansiosa por ver o "mundo de verdade" antes de se casar, a futura princesa convence a protagonista a trocarem de lugar por alguns dias.

Mesmo que que eu não conte você provavelmente já sabe como esta história vai se desenvolver. Na troca de papéiss duas vão encarar altas confusões e pagar alguns micos, ao mesmo tempo que descobrem seu verdadeiro amor. Tudo orquestrado por coincidências de roteiro que, para soar um pouco menos artificiais, aqui tem a ajuda de uma entidade mágica que não é realmente apresentada. Porém, pela temática do filme ouso dizer, deve ser o Papai Noel.

As moças até esboçam certa atitude e altruísmo na jornada, mas não estão livres das escorregadelas do gênero. Da moça que se compromete um casamento arranjado para honrar os pais mortos, a outra que só aceita um desafio na carreira após reencontrar o ex que, diferente dela, já seguiu em frente. Pautando suas escolhas, pelas atitudes de terceiros. Já os interesses românticos vividos por Nick Sagar e Sam Palladio são apenas isso mesmo, os pares românticos charmosos, bonitos e perfeitos para suas respectivas caras-metades.

Há também uma galeria de personagens escalados para ajudar ou atrapalhar as protagonistas conforme a história se desenrola. Todos muito bem encaixados nos seus respectivos, limitados, estereotipados e conhecidos papéis. Nenhum deles no entanto chama mais atenção que Frank (Mark Fleischmann). Abordado como vilão durante todo o longa, por estar investigando a farsa. Ele volta a ser um mero funcionário do palácio quando sua ameaça não é mais necessária.

Igualmente genéricos são os cenários, a direção e fotografia. Vale lembrar que a intenção aqui é conquistar o espectador pela familiaridade, então, propositalmente, nada é muito diferente dos muitos filmes natalinos, ou sobre realeza instantânea que existem por aí. O figurino deve chamar atenção em alguns momentos, mas não de forma positiva. É difícil não questionar escolhas como mini-saias na neve, ou os terninhos da década de 1980, que o figurinista acha ser o figurino típico de uma duquesa.

Vanessa Hudgens se esforça para diferenciar as duas personagens que vive, com trejeitos e sotaques distintos. O resultado não é extraordinário, mas funciona no tom cliché que a produção adota.

Cliché é a palavra que define A Princesa e a Plebéia, e a produção certamente tem consciência disso. De fato, em momento algum a produção tenta te vender algo que ela não é. Uma produção simples, leve, que não exige muito esforço do espectador, que faz uso do familiar, sem se importar em alcançar o cliché para alcançar seu público. Este é, provavelmente, qualquer um procurando entretenimento fácil para ajudar a digerir a comilança da ceia.

Seja como longa de natal, de troca de identidades, ou de alcançar a realeza instantânea, você já viu este filme de uma forma ou de outra. De forma honesta, é exatamente isso que A Princesa e a Plebéia oferece, um filme simples, com final feliz, e bastante previsível. Para você poder encarar sabendo que vai terminar a sessão com uma sensação de bem estar, e talvez até goste da experiência, mesmo que não admita.

A Princesa e a Plebéia (The Princess Switch)
2018 - EUA - 91min
Comédia romantica

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