Quando uma pessoa repete algo sobre si mesmo exaustivamente, existe uma enorme possibilidade de que ela não tenha total convicção do que diz. De fato, ela provavelmente está insegura quanto a veracidade da informação, mesmo que de forma inconsciente. É essa impressão que Danny Randy (Finn Jones) passa sempre que anuncia: Eu sou o Punho de Ferro Imortal! A primeira temporada de Punho de Ferro, refletia essa insegurança, ao não mergulhar no universo místico do personagem. Em seu segundo ano, tanto a série, quanto seu protagonistas parecem estar cientes disto e abertos à mudança.
O Tentáculo foi destruído pelos Defensores. E apesar da promessa que fez ao Demolidor, de proteger Nova , Danny ainda se sente sem propósito na vida. Ele precisa descobrir o lugar do Punho de Ferro, agora que não há uma organização maléfica para destruir, ou uma cidade mística para proteger. Além, é claro, de proteger a cidade. E ele não é o único a lidar com as consequências de temporadas passadas.
Sentindo o peso de suas ações, Colleen (Jessica Henwick) aposentou sua espada e tenta ajudar a comunidade com métodos menos agressivos. Ward (Tom Pelphrey), precisa reestruturar sua vida sem a influência maléfica do pai. Afastada de todos, Joy (Jessica Stroup) culpa Danny e Ward pelos acontecimentos da primeira temporada. Enquanto isso, Davos (Sacha Dhawan), finalmente mostra a que veio, sim ele é o principal vilão da vez, com motivações bem construídas e compreensíveis. Junto com ele, vem também e a mitologia de K'un-Lun que tanto fez falta anteriormente.
Ao mesmo tempo que descobrimos mais sobre o Punho de Ferro, Danny encara uma jornada de auto-conhecimento. Esta busca, somada as consequências das ações de Davos que o herói precisa enfrentar, humanizam o personagem. Pela primeira vez realmente nos importamos com seu futuro. Entretanto, a empatia maior em cena ainda não é com o protagonista, e isto é um problema.
São Collen e Misty Knight (Simone Missick), aquelas com quem mais nos relacionamos, especialmente quando trabalham juntas, são elas também quem mais impulsionam a trama, enquanto o protagonista encara suas dúvidas. Longe de ser apenas a namorada do mocinho, Colleen tem sua própria busca. Sua jornada e a de Danny são paralelas, interferem uma na outra e em seu relacionamento, o melhor estruturado na parceria Marvel/Netflix até agora. Já a aparição da detetive da série do Luke Cage, vai além da participação especial protocolar de um episódio. Sua chegada acelera o ritmo da narrativa, e sua dinâmica com Wing é acertada, nos dando um mostra do que seria uma série das Filhas do Dragão, parceria que a dupla já formou nos quadrinhos.
E por falar em ritmo, os primeiros episódios ainda pecam pela lentidão. Aparentemente a série escolheu restabelecer com calma o lugar de cada um na trama. Mas este atraso é compensado, uma vez que abre caminho para que os personagens se desenvolvam melhor a partir daí. Os mais beneficiados claramente, são Joy e Ward, já que a dupla poderia facilmente se perder, com o protagonista mais focado em seu papel de herói, do que o de herdeiro. O CEO das indústrias Randy, tem que administrar seus traumas vícios e repensar todas as suas relações. Enquanto uma revoltada Joy faz as piores escolhas para "superar" a raiva pelas ações do pai, irmão e amigo. Guinadas necessárias para tornar os personagens mais profundos e menos apáticos, sem desrespeitar suas características previamente estabelecidas. Ward continua um banana, e Joy uma mimadinha.
Entre as novidades, a mais relevante em cena é Walker (Alice Eve). Com Transtorno Dissociativo de Identidade, a personagem oscila entre os papéis de vilã e vitma, forte e indefesa ao longo da temporada. Eve, consegue pontuar as mudanças de forma fluida e até dar um ar divertido a sua condição curiosa. Seus alter egos são bem humorados de forma diferente apesar de tudo. Original das histórias do Demolidor, a personagem tem uma história de origem bem construída, e seria interessante vê-la em novas incursões neste universo urbano da Marvel.
Mas é a contratação de Clayton Barber, coordenador de lutas de Pantera Negra, a novidade que soluciona a maior reclamação dos fãs. As sequencias de luta melhoraram significativamente. Novamente são aquelas com Colleen as que chamam mais atenção, mas no geral a Nova York que luta kung-fu, e principalmente Davos e Danny, não parecem estar reaproveitando as coreografias já vistas em Demolidor.
Punho de Ferro ganhou também um novo showrunner, e com ele a disposição de se reinventar. Ainda falta muito a ser melhorado. Por mais que eu adore ver as Filhas do Dragão em ação, Danny precisa protagonizar sua série. A produção precisa começar tão bem quanto termina, e manter este bom ritmo ao longo da temporda. Mudar o número de episódios de treze para dez, foi o primeiro passo correto nesta direção.
O resultado é uma temporada que termina melhor do que começou, e corrige muitos erros do primeiro ano. E nos deixa com um cenário mais ousado e animador do que as aparições anteriores do herói, além de indicações de mergulhar ainda mais na mitologia do personagem, abandonando completamente o medo de abordar magia nesta NY mais "pé no chão" criada para os os heróis urbanos da Marvel. Agora resta torcer para que o terceiro ano continue trilhando este caminho e finalmente leve Danny a se tornar o "Punho de Ferro Imortal", que deveria ser.
A segunda temporada de Punho de Ferro tem apenas 10 episódios, ao invés dos 13 do primeiro ano. Todos já disponíveis na Netflix .
Leia a crítica do primeiro ano, confira dicas úteis para sua maratona do herói, e descubra mais sobre as outras séries deste universo Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage e Defensores.
O último capítulo é o que dá realmente ânimo de continuar assistindo a série.
ResponderExcluirVer Danny conseguir finalmente dominar o coração do dragão, mas com confiança, promete mostrar o lado kung fu da Marvel.
Pois é, também gostaria de entender a existência de mais de um Punho e tals (nunca li os quadrinhos), mas a Netflix cancelou a série. Vamos torcer para que Danny e cia ao menos façam aparições nas séries dos colegas. :(
ResponderExcluirObrigada pela visita!
Postar um comentário