The Walking Dead - 8ª temporada (parte 2)

A temporada da guerra! Foi assim que o oitavo ano de The Walking Dead foi vendido. E realmente começou com muito "tiro, porrada e bomba" em meio à tradicional oscilação narrativa da série. Apesar de ter melhorado, e muito, o desempenho em relação à temporada anterior, equilíbrio ainda deve ser o foco destes roteiristas.

Enquanto a primeira metade da temporada (leia mais sobre ela aqui), abrangeu o plano maluco de Rick para derrotar os Salvadores, a segunda parte lida com as consequências de as coisas não saírem tão bem quanto o planejado, e principalmente de uma morte surpreendente. Sim, este post terá SPOILERS, "teje avisado", e vamos logo lidar com o maior deles.

A corajosa morte de Carl (vai dizer que ele não tava na sua lista de "não morre tão cedo"?), sem relação com a supra-mencionada guerra, veio para colocar as coisas em perspectiva. Enquanto as pessoas saudáveis estão se matando, o verdadeiro inimigo está a solta, em maior número, embora apenas um (e nem precisa estar inteiro) seja necessário para acabar com uma vida.

A partir daí todos reagem com a surpresa de modos diferentes, com foco, é claro, em Rick. Junto com as fases tradicionais do luto, o protagonista precisa descobrir não apenas que ainda há motivos para continuar (Judith, é o mais óbvio), e mas também a forma correta de lidar com isso. Muita ódio e agressividade, vem para mostrar que nesse novo mundo talvez o certo e errado, não sejam os mesmo de antes.

É também pela morte de Carl, que Negan é rendido, no episódio final. A reação do vilão é coerente, mais pela humanização perante a relação complexa com seus seguidores pela qual o personagem passou, do que pelo relacionamento que este criou com o adolescente em um ou dois episódios. Particularmente, além da humanização que foi feita, eu gostaria de ver mais um pouco de interação entre eles, especialmente porque tal relação existe nos quadrinhos. Da mesma forma que gostaria de ter visto mais deste Carl maduro, tornando sua partida e mensagens ainda mais fortes. 
Ainda tentando superar o fato de que nunca mais ouviremos o Andrew Lincon penando para pronunciar o nome do Carl!
E por por falar na humanização do Negan, finalmente a produção deixou de "economizar" Jeffrey Dean Morgan, dando espaço para o ator explorar as nuances de seu personagem. Tornando mais crível, jogando uma luz sobre suas escolhas. Por mais cruel que seja, há uma lógica e motivação por trás do seu "sistema", o personagem não é mal por natureza, ele acredita realmte estar fazendo o melhor para o novo mundo funcionar, usando seus próprios parâmetros para isso. O que também torna compreensível, as diferentes traições pela qual passa com Dwight, Simon e Eugene.

Estes três personagens, são os que mais ganham destaque nesta segunda temporada. E seus arcos são bem desenvolvidos, o problema é que estes são os únicos arcos realmente explorados. Veteranos ou novatos, os demais personagens pouco tem a fazer. Michone, Daryl, Carol, Enid, Rosita, Tara Ezequiel antes personagens ativos, pouco tem a fazer, além de servir de apoio para os demais. Isso incluí inclusive Aaron, cuja morte inexpressiva do namorado com quem o público não se importava, tentou forçar um arco que aparentemente foi abandonado. Já os novatos, como Alden, o jovem lider dos Salvadores, as moças de Ocean Side, Jadis, ou mesmo outros seguidores de Negan, servem como solução rápida, ou são apenas apresentados para tramas futuras.

Jesus e Morgan são um caso à parte. Colocados em lados ideológicos opostos, o rapaz com nome de profeta defende os vivos, desaparece por um bom tempo, para ressurgir reafirmando sua posição para o outro, pouco antes de facilmente concordar com os planos nada pacíficos de Maggie. Já o veterano Morgan começa firme em seu ódio gratuito, e passa a temporada em uma nova descida à loucura - será que ele encontra outro terapeuta por aí? - E é assim que o personagem segue para Fear The Walking Dead, criando o primeiro encontro entre as séries. As duas jornadas começam baseadas em uma discussão já exaustivamente abordada na série, poupar ou não os inimigos, e seguem caminhos estranhos, como se fossem criadas no improviso, unica e exclusivamente para atender ao que a série pede no momento, independente dos arcos dos personagens.

E por falar Maggie, esta sim foi elevada a um status de protagonismo, ao assumir a liderança de Hilltop. Seu arco foi bem construído embora não tenha escapado, há algumas incoerências, e à má distribuição de suas aparições ao longo deste ano. A maior preocupação no entanto é a permanência da personagem na série, já que sua intérprete Lauren Cohan, enfrenta uma batalha nos bastidores para ter o reconhecimento e o salário similar à seus colegas com maior tempo de tela.

Resgatado onde Sofia foi perdida
Entre outras coisas que chamaram atenção nesta temporada, para o bem ou para o mal (fica à seu critério). Carol finalmente superando sua busca por Sofia, através de referências. Maior consciência dos personagens de seu passado. A tentativa de criação de empatia pelo Padre Gabriel, não funcionou. O bizarro episódio da infecção zumbi, onde não há vigias em uma comunidade em guerra, e ninguém acorda sob ataque. O fim do orçamento para manter o tigre #ShivaForever. O moedor de zumbis do lixão e o ainda misterioso helicóptero.

Sem grandes ganchos, mas com muitas sementes plantadas à serem desenvolvidas nos próximos anos, e mudanças previstas, incluindo um salto temporal anunciado, The Walking Dead ainda lida com seu maior problema: equilíbrio. Não apenas em ritmo e ação, que nesta temporada foram eficientes, mas no espaço dado aos personagens. É preciso saber definir o espaço para protagonistas, personagens secundários e novatos, tanto para instigar o interesse do expectador em cada um deles, quando para poder mudar suas posições de destaque quando o arco dos veteranos se encerrar.

Ainda sim, como um todo a oitava temporada, foi eficiente. Uma pena que a distância de uma semana entre um episódio e outro deixam evidentes, as falhas mencionadas. Minha sugestão? Assista em maratona, não demora muito os novos episódios chegam à Netflix! Vistos em sequência, as oscilações de ritmo e os foco mal distribuído se tornam respiros na trama principal, deixando a jornada mais interessante.

The Walking Dead é exibida no Brasil pela Fox, os episódios da primeira à sétima temporada estão disponíveis na Netflix.

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