X-Men: Apocalipse

Reparamos a linha do tempo em Dias de um Futuro Esquecido, agora podemos finalmente recomeçar os X-Men como deveriam ser, certo? Errado. Pois os atos heroicos de Mística (Jennifer Lawrence) para salvar o mundo de Magneto neste mesmo filme, deixou a relação entre mutantes e humanos não evoluídos em uma incomum trégua.

O mundo aceitou os mutantes, alguns até admiram sua heroína azul. Xavier (James McAvoy) reiniciou sua escola, mas ensina apenas como se aceitar e controlar suas habilidades para se encaixar na sociedade. Enquanto Magneto (Michael Fassbender), o homem mais procurado do mundo, encontrou um novo estilo de vida. Mas calmaria não faz filme, por isso a franquia recorre à um vilão milenar para sacudir as coisas.

Apocalípse ou En Sabah Nur (Oscar Isaac) é considerado o mutante original, superpoderoso acreditava ser destinado a governar o mundo, e o fazia, no Egito antigo. Quando acorda em 1983, se descobre em um mundo muito maior, governado por sistemas e "falsos deuses", e onde as habilidades mutantes são consideradas uma avanço genético, não uma dádiva divina. 

Adotando uma posição de líder religioso, embora mal desenvolvida, ele recruta seus quatro cavaleiros do apocalipse. O velho conhecido Magneto, e os novatos Psylocke (Olivia Munn, com mais caras e bocas do que falas), Anjo (Ben Hardy, eficiente) e Tempestade (Alexandra Shipp, em uma adaptação bastante diferente e superior à versão de Halle Berry).

Com a ameaça estabelecida resta ao time da Xavier impedi-la. O único problema, essas crianças não estão sendo treinadas para a luta. Assim, o dilema de Jean Grey (Sophie Turner, a Sansa de Game of Thrones), Ciclope (Tye Sheridan, de Como sobreviver a uma ataque zumbi) e Noturno (Kodi Smit-McPhee, de Planeta dos Macacos: O Confronto) é superar o medo de explorar suas habilidades. Aumentam o time a agente do FBI Moira MacTaggert (Rose Byrne) Destrutor (Lucas Till), o agora professor Fera (Nicholas Hoult), uma Mistica que adotou novamente a identidade de Raven e Mercúrio (Evan Peters).


E por falar no velocista, é novamente dele a melhor sequencia do longa. A fórmula é a mesma da usada em Dias de um Futuro Esquecido, mas o escopo é maior, e o personagem agora tem motivações para passar mais tempo em cena.

Outro acerto é a escolha pela ambientação nos anos de 1980. É verdade ficamos com a sensação de que mutantes envelhecem mais devagar (a Mística é a única que tem uma explicação cientifica para este fato), afinal já se passaram duas décadas desde o incidente de X-Men: Primeira Classe. Por outro lado a década é perfeita para abraçar o visual colorido reconhecível dos quadrinhos em sua fase mais produtiva, sem parecer falso ou exagerado.

Em que outra época o visual da Jubileu funcionaria?
A falha fica por conta da necessidade excessiva de explorar o rosto de suas estrelas. Assim, Mística quase não aparece azul, com a desculpa de que não quer ser reconhecida como a heroína que salvou o presidente. Já Fera continua usando o soro para manter sua aparência humana, deixando de lado todo o conflito "médico e monstro" proveniente de sua mutação.

Outro ponto fraco é o visual do vilão, trazendo Oscar Isaac (o Poe Dameron de Star Wars: O Despertar da Força), se esforçando para atuar debaixo de uma maquiagem pesada e emborrachada. Também falha o desenvolvimento de suas motivações. O argumento religioso que poderia trazer muitos questionamentos, tanto para os jovens mutantes, quanto para  a humanidade é logo abandonado pelo plano maior. Aquele de sempre "conquistar o mundo". Nem mesmo entre seus discípulos, os quatro cavaleiros, a superioridade divina é questionada, no final é apenas uma questão de obter mais poder.


Felizmente, a busca por poder tende a gerar cenas de ação e destruição grandiosas. Quem ficou incomodado com a destruição de Metrópolis em Homem de Aço, vai ficar horrorizado com o estado em que os mutantes deixam o mundo neste filme. Tudo isso usando seus poderes, bem distribuídos especialmente entre os novatos. Apesar da megalomania, o 3D bem feito, não é indispensável.

Para os fãs, tem sequências dos primeiros filmes desta nova trilogia, uma bem situada participação especial de Wolverine (Hugh Jackman), que teria mais efeito se não tivesse sido revelada nos trailers e até piadas, referências visuais e falas da trilogia original. Stan Lee e sequencia pós-créditos, tudo como manda o figurino. Já os não iniciados, não vão ficar perdidos com uma profusão de mutantes e histórias pregressas complexas, caso a produção fosse extremamente fiel aos quadrinhos.

X-Men: Apocalipse, pode não ser excepcional, mas cumpre sua tarefa de dar sequencia à franquia, e apresentar (e iniciar na luta) o que seria a "segunda classe" de X-Men, de forma divertida e acessível ao grande público.  Além de trazer um elenco excepcional e bons efeitos especiais. Só sendo um fã xiita, daqueles que em em 2016, ainda não entenderam a necessidade das mudanças em adaptações para diferentes mídias, para não se divertir.

X-Men: Apocalipse (X-Men: Apocalypse)
EUA - 2016 - 144min
Ação/Aventura

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