Eu admito, não gosto da animação realista O Rei Leão (não, não live-action, apesar da Disney vender assim)de 2019. Apesar das várias qualidades que mencionei na crítica, o sentimento que ficou foi o de enganação. De estar recebendo uma cópia inferior em uma embalagem bonita. Logo não é surpresa que eu não tivesse grandes expectativas para Mufasa: O Rei Leão. E eu estava certa de não ter, embora o longa de origem do pai de Simba esteja um passo à frente de seu antecessor.
Partindo do reino de Simba (Donald Glover), somos levados de volta no tempo quando Rafiki (Kagiso Lediga/John Kani) decide contar uma história para a princesinha Kiara (Blue Ivy Carter), Timão e Pumba. Nela conhecemos Mufasa (Braelyn Rankins/Aaron Pierre), um filhote perdido que encontra um novo lar e um irmão na matilha de Taka (Theo Somolu/Kelvin Harrison Jr.), o filho do rei daquele grupo. Tempos depois, já jovens adultos Mufasa e Taka precisam sair em busca de um novo lar, em uma jornada que unirá uma nova corte e levará os personagens ao reino onde acontece a história de Simba.
Seguindo a mesma proposta realista do primeiro filme, mas ouvindo as reclamações, o diretor Barry Jenkins dá mais expressões aos personagens. Possibilitando uma maior empatia com o público. Por outro lado, conduz a história em um ritmo bastante irregular. A apresentação corrida e brusca, atrapalha a construção dos personagens, e consequentemente nosso apego a eles. Em poucos minutos, Mufasa se perde, encontra uma nova família, parece esquecer da primeira, cresce e precisa buscar novos rumos, tudo de forma tão rápida que mal decoramos os nomes dos leões que o acolheram.
Já quando finalmente partem em busca de nova vida, a narrativa se arrasta para tentar encaixar todos os personagens e referências que acredita serem necessários para criar aquele mundo. O que inclui uma enorme quantidade de ecos e explicações de coisas do filme original. De onde veio o cajado de Rafiki, o nome Scar, a expressão "ciclo sem fim", a ideia da debandada e um monte de outras respostas pras quais não fizemos perguntas.
Há também um grupo de vilões genéricos, que curiosamente são leões brancos, talvez uma piada com as acusações que O Rei Leão teria plagiado Kimba, O Leão Branco, talvez apenas uma forma de diferenciá-los. E sim, diferenciar os personagens é uma necessidade aqui. Com a história mais focada nos leões e a proposta de hiper-realismo,as diferenças entre os personagens são sutis, e frequentemente ficamos confusos sobre quem é quem. Especialmente nas sequencias de ação.
Assim como no filme de 2019, é a tecnologia o grande atrativo do filme. Agora incluindo subaquáticas e na neve, tão convincente quanto as demais. Fazer pelos e água são tarefas complicadas em computação, ainda mais se colocadas juntas. E o filme se sai muito bem nisso.
No elenco nacional, Ícaro Silva e Iza, retornam em pontas como Simba e Nala. Mas são dubladores profissionais, que entregam a maior parte do trabalho. Inclusive as canções.
Ninguém realmente pediu Mufasa: O Rei Leão, mas a bilheteria do filme de 2019 o tornou obrigatório para a Disney. E eles conseguiram entregar algo melhor que o anterior. Uma história original, ao invés da cópia de um clássico, e com mais expressividade em sua impressionantemente realista tecnologia. Ainda falta brilho, personalidade, alma, mas melhorou bastante. E não se engane, apesar do saldo mediano, a bilheteria será gigantesca assim como seu predecessor!
Mufasa: O Rei Leão (Mufasa: The Lion King)
2024 - EUA - 118min
Aventura, Musical
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