Três astronautas da Agência de Pesquisa Espacial Brasileira, a BRASA desaparecem em uma missão na lua. Pereira (Marco Pigossi), recém afastado da agência, e que ganhou o apelido de Astronauta, parece ser o único capaz de liderar uma missão de resgate. Ao mesmo tempo a missão lhe oferece a possibilidade de compreender um evento misterioso pelo qual passou. Isso se ele conseguir sobreviver à uma entidade alienígena que colocará em risco toda a humanidade.
O problema é, que seja lá o que o Astronauta descobriu sobre seu passado, ele não conta pra gente! Sabemos que ele fora abduzido anos antes, e retornou com tecnologia avançada que alavancou o trabalho da BRASA. E que esse evento é a origem de seu codinome, e da "aquisição" de sua nave em forma de bola laranja. Mas exatamente o que aconteceu, por que ele fora escolhido, com que propósito, ou mesmo de onde vem a tal nave, fica à cargo da imaginação do público.
Simultaneamente à jornada de descoberta do protagonista, acompanhamos outras duas sub tramas. O resgate e embate com a entidade misteriosa, igualmente pouco explicada para a audiência. E uma disputa de poder dentro da agência espacial brasileira. Esta bem previsível, com direito à vilão tramando por baixo dos planos, e apresentada de forma apressada e genérica.
Agora você deve estar imaginando, se a série não dá respostas quanto a origem da persona Astronauta, sobre a entidade alienígena, e ainda apresenta a trama na Brasa de forma corrida, com quem é gasto o tempo dos seis episódios da série? Alucinações, em forma de memórias distorcidas, ou de viagens em arte quase abstrata.
A sensação é de que a produção se empolga com a possibilidade de construir mistério, e de criar imagens icônicas. Gastando ao menos dois episódios inteiros apenas com isso, e não abandonando completamente o recurso, mesmo quando decide andar com a história. A intenção é criar um embate mental entre o protagonista e a entidade alienígena. O resultado é um protagonista confuso e sem ação, apenas reagindo e questionando, por muito tempo. O que somado ao lançamento semanal, e a curta duração dos episódios, é suficiente para perder o interesse do espectador. Especialmente quando nenhuma recompensa, ou explicação resulta disso por vários episódios.
Talvez, aqueles que assistirem ao programa em maratona, tenham melhor impressão da escolha narrativa. Para quem acompanha semanalmente, a impressão de que nada de fato acontece por muito tempo. E quando o desfecho chega, sem responder a maioria das perguntas, o descontentamento é grande.
O trabalho de vozes é eficiente, com boas atuações de dubladores profissionais, além do elenco famoso. Os destaques ficam por conta de Marco Pigossi, Mel Lisboa e Francisco Júnior. Mesmo porque, à exceção do vilão, os demais personagens são extremamente genéricos. Os mais atentos vão encontrar a obrigatória participação especial de Mauricio de Souza.
Já a animação em si é pouco fluida. Aparentemente escolha proposital para combinar com as linhas angulosas do design de mundo e personagens. Visual inspirado pelas Graphic MSP do personagem, mas que curiosamente subvertem o visual arredondado do personagem original. Mas que funciona bem para a criação das imagens abstratas e psicodèlicas das sequencias de alucinação. Uma pena que tenham sido usadas em excesso, ao ponto de perder o impacto visual no decorrer dos episódios.
Cheio de boas intenções, ideias e referências à outras obras de ficção-científica, Astronauta, se perde em sua própria história, ao não equilibrar bem recursos narrativos e o tempo de tela de cada arco. Mas, serve como ponto de partida para aventuras melhores, já que coloca seu personagem título na posição em que a maioria o conhece. Um viajante solitário com sua nave de formato incomum, pronto para aventuras através do espaço. Então, que venham essas novas histórias. Funciona com Doctor Who, porque não com Pereira?
Astronauta tem seis episódios com cerca de vinte minutos cada, todos disponíveis no Max!
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