Longlegs - Vínculo Mortal

Assassino serial de longa data, investigação policial sem saída, códigos a serem desvendados, testemunhas confusas, ocultismo, atmosfera sinistra, uma protagonista com habilidades incomuns, uma figura grotesca com alto potencial de se tornar um ícone do terror... tem de tudo um pouco em Longlegs - Vínculo Mortal. Mistura que poderia dar muito errado, mas que aqui funciona na maior parte do tempo. 

A jovem a agente do FBI, Lee Harker (Maika Monroe), chama atenção por suas "habilidades dedutivas" logo em um de seus primeiros trabalhos, e por isso é convocada para reabrir um caso arquivado. Um caso que acomete regularmente famílias aparentemente comuns, e que aparentemente não tem sujeitos externos envolvidos, a não ser por cartas encontradas nas cenas de crime.

É conforme a investigação avança, que todos os elementos mencionados no primeiro paragrafo, surpreendentemente se combinam através do trabalho assertivo do diretor e roteirista Osgood Perkins. Que aposta na construção de uma atmosfera perturbadora acima de tudo. Dias cinzentos, ambientes escuros e encaixotantes, com pontos de fuga que podem abrigar todo tipo de mal, nos deixam atentos, vasculhando a tela por pistas ou ameaças. Enquanto a entrega de informações gradual do roteiro nos convida a participar do quebra-cabeças.

Convite que não funcionaria, se a protagonista não conquistasse nossa fidelidade. E Maika Monroe constrói uma personagem absurdamente fechada, quase inapta socialmente, mas que mesmo assim nos conquista já que fica claro desde cedo, de que há uma bagagem e um incômodo por trás de sua postura. Assim compreendemos, nos compadecemos e nos aliamos à moça, que apesar de tudo segue determinada. 

Mesmo que em alguns momentos essa determinação não nos faça sentido. Como quando, logo após ter a casa invadida a moça continua a investigar as pistas, como se nada houvesse. Poderia ser um problema de construção de personagem, se mais tarde o roteiro não desse uma explicação mais que razoável para sua suposta calma e familiaridade imediata com o caso. Explicar mais que isso, entraria no terreno de spoilers então vou parar por aqui.

E já que estamos falando de personagens, aquele que dá título ao filme, é vivido por Nicolas Cage, e tem sua aparência guardada para o momento em que causaria mais impacto. O que somado à atuação propositalmente "exótica" de Cage, tem funcionado com boa parte do público. Assustando, gerando estranheza, e criando um ícone imediato do terror. 

Particularmente, por mais que as atuações surtadas do astro funcionem muito bem para algumas obras, para mim as escolhas de construção de Longless não funcionaram. A aparência estranha e a atuação exagerada que tem incomodado à maioria, a mim causou um humor involuntário após o primeiro momento de estranheza fora superado. Mas compreendo porque a construção funciona para a maioria. 

Ainda sobre o elenco, escalações bem feitas completam o quebra cabeças. Com destaque para uma irreconhecível Alicia Witt, uma ponta curta mas marcante de Kiernan Shipka e um carismático Blair Underwood. Ainda que este último por vezes soe como mero recurso de roteiro, que conveniente não o deixa ligar pontos simples, mesmo que ele supostamente seja um agente mais experiente. Resultando em uma sequencia final, que não tem uma construção narrativa tão coesa quanto o restante do filme. 

Mesmo assim Longlegs - Vínculo Mortal é uma boa experiência em cinema de horror e policial. Homenageia produções dos gêneros dos anos de 1990, quando a trama principal se passa. Ao mesmo tempo que traz um pouco de tudo que podem oferecer, crime, horror psicológico, sobrenatural, suspense, e até reviravoltas. Vale a sessão, mas o alarde como "melhor terror do ano", é um pouco de exagero!

Longlegs - Vínculo Mortal (Longlegs)
2024 - EUA - 101min
Terror, suspense, policial

Post a Comment

أحدث أقدم