Lisa Frankenstein

 A proposta de trazer Frankenstein da Mary Shelley para outras épocas, pode render diferentes tipos de filmes. Desde o suspense policial, passando pela ficção cientifica, fantasia, besteirol e até romance com monstros. Lisa Frankenstein que escolhe trazer a criação para o universo adolescente estadunidense dos anos oitenta, tenta ser todos esses filmes em um só.

Lisa (Kathryn Newton) é uma adolescente traumatizada e deprimida, que magicamente traz  belo cadáver de um jovem vitoriano (Cole Sprouse) de volta à vida. E começa a reconstruí-lo ao mesmo tempo que sua relação com ele a torna mais determinada e ousada, em relação à tudo que a cerca. 

Estreia na direção de longas-metragem de Zelda Williams (filha de Robin Williams), e com roteiro de Diablo Cody, Lisa Frankenstein estabelece desde cedo que não pretende seguir padrões e limitações, apesar da sua base literária. Infelizmente, existe o estúdio e a classificação etária para segurar as regras. Então a obra fica no meio do caminho do nível de loucura que poderia abraçar. Sendo ousada demais para puristas, e de menos para aqueles dispostos a embarcar no caos. 

Nesse mundo não há necessidade de explicações para que coisas extraordinárias aconteçam. Ainda sim, existe uma lógica interna para o lado ficção cientifica se faça presente. E tal lógica envolve uma câmara de bronzeamento e decapitações, trazendo ao mesmo tempo o besteirol e o gore. Enquanto o relacionamento entre a personagem título da criatura dá conta do romance fantástico, e do amadurecimento da moça.

Trazer a história para os estilosos (pra não dizer exagerados) anos de 1980, é outra referência bem escolhida. Possibilitando a obra beber da safra de filmes adolescentes da época, em temática, ousadia e estilo. O visual,(o que inclui cenários, fotografia, cabelo e figurinos) e a trilha sonora são, sem dúvida, o ponto mais alto da produção. E bebem também do estilo de Tim Burton estética e tematicamente, especialmente de Edward Mãos de Tesoura. Outro romance fantástico, com pitadas de ficção cientifica e inspiração em Shelley. 

Kathryn Newton e Cole Sprouse conseguem conquistar nossa fidelidade com dois personagens nada amigáveis. Especialmente Newton carrega o filme com facilidade e intensidade. Apesar de Zelda Williams não conseguir transmitir a energia que o filme precisa. É colorido, vibrante, as emoções dos personagens são intensas, mas a história se arrasta em muitos momentos, especialmente em seu primeiro ato. 

Ou seja, assim como a criatura de Mary Shelley, Lisa Frankenstein é uma costura de várias peças que nem sempre se encaixam. Criando uma obra tão grotesca quanto interessante. Uma pena apenas que a proposta seja limitada pelo ritmo irregular, e por uma classificação etária baixa para alcançar maior público. Entregando uma produção que tenta ser leve, apesar de seus temas pesados, como assassinato e necrofilia. Ao invés de abraçar completamente o absurdo e o reprovável, para entregar o caos completo que propôs. Divertido, mas facilmente esquecível!

Lisa Frankenstein
2024 - EUA - 101min
Fantasia, comédia, terror, romance

Lisa Frankenstein chegou ao Brasil diretamente no Prime Video!



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