Alien: Romulus

 Após quatro sequencias de qualidade questionável, a franquia Alien, entrega um novo capítulo que surpreende. Esse sétimo episódio, tem potencial para destacarmos uma trilogia memorável entre os quase dez filmes do universo do xenomorfo. 

Situado entre Alien, o Oitavo Passageiro, e Aliens, o ResgateAlien: Romulus deixa Ripley de lado e acompanha um novo grupo de jovens. Cansados de serem explorados por uma grande corporação sem escrúpulos, o grupo de mineradores resolve fugir para um planeta melhor. Para tal, precisam das câmaras criogênicas que permitiriam ao grupo a longa viagem em suspensão. A missão era simples, entrar em uma estação espacial abandonada, pegar as câmaras e seguir viagem. O problema é que eles não fazem ideia do motivo pelo qual a embarcação está á deriva. 

Não precisa ser vidente para adivinhar, a nave Romulus está infestada de xenomorfos, o grupo vai descobrir da pior maneira, e a partir daí lutar desesperadamente pela vida. O sétimo filme da franquia segue o esqueleto do primeiro filme, no melhor sentido possível. E ainda abraça também características de O Resgate. Reunindo e terror de um, e a ação de outro para criar um terceiro capítulo que atualiza e homenageia os dois melhores títulos da franquia.

Uma premissa simples, sobreviver. E personagens de fácil identificação, não por serem complexos e bem desenvolvidos, mas por terem um objetivo de compreensão imediata, a liberdade. Presos ao extremo dos males capitalista em um sistema que os explora até a morte, por vária gerações, é impossível não torcer por seu sucesso. Ainda que o grupo esteja roubando uma nave, e saqueando outra. E mesmo que saibamos, que a sobrevivência coletiva não é uma das marcas da franquia. 

Assim engajados na missão, e ciente do perigo, embarcamos facilmente na jornada de Rain (Cailee Spaeny) e companhia rapidamente. Como recompensa encontramos um grupo cujas ações são coerentes, fugindo do clichê das escolhas estúpidas para criar vítimas fáceis em filmes de terror. Quando eventualmente os personagens fazem escolhas que nos parecem ruins, isso se dá a falta da conhecimento da situação, em comparação com o panorama completo que o público tem. Especialmente quem está familiarizado com a franquia. Nós sabemos o ciclo de vida, reprodução, e as habilidades dos xenomorfos, os personagens não!

Ainda sobre os personagens, sim a maioria são arquétipos simples, o que não significa que o longa não consiga tirar bons questionamentos deles. Especialmente quando compara sua humanidade com as escolhas extremamente racionais do sintético Andy (David Jonsson). - Vale à pena abandonar uma vida para salvar três? Esse essa pessoa estiver grávida? E se for um amigo? Seu último amigo? - O impacto e controle das emoções pode ser fator determinante entre a vida e a morte. 

E por falar no Andy, o robô é de longe o personagens mais interessante em cena. Ao contrapor duas personalidades opostas, de acordo com diferentes programações. Fazendo, inclusive, com que a protagonista questione sua relação com ele. David Jonsson entrega essa dinâmica com eficiência, mas é Cailee Spaeny quem conquista nossa fidelidade. Protagonista que tinham muitos receios quanto à missão, mas também um desejo enorme de escapar. É determinada e empática como Ripley, mas tem personalidade própria para não soar como uma mera cópia.

Corredores sucateados e claustrofóbicos de uma nave sucateada, completam a atmosfera de tensão que fazem alusão à O Oitavo Passageiro. Enquanto um ritmo mais acelerado, e muitas sequencias de embates enervantes, evocam a dinâmica de O Resgate. O diretor Fede Alvarez parece ter completa ciência do que melhor esses dois filmes trazia, e combinou essas características, em algo novo, mas ainda extremamente familiar e nostálgico para os fãs da fraquia. Fazendo uma homenagem, sem deixar de fora novos públicos, que vão se identificar com a linguagem mais atual. Além de ser devidamente apresentados às características deste universo, já que como eles, os novos personagens também não conhecem essa ameaça.

Alien: Romulus não é "inovador e revolucionário", mas nunca teve a intenção de ser! O objetivo é entregar um bom filme dentro deste universo, mesmo que para tal precise deixar complexidades e exageros de episódios anteriores de lado. Apostando no tradicional bem feito. Entregando um bom e envolvente filme de sobrevivência, que dá novo fôlego à franquia. 

Alien: Romulus
2024 - EUA - 119min
Terror, Suspense, Ficção-cientifica 

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