Uma Astronauta Quase Perfeita

Em alguns momentos, Uma Astronauta Quase Perfeita me levava a pensar em Legalmente Loira. Infelizmente Rex Simpson não tem o mesmo carisma que Elle Woods, e a proposta ambiciosa da produção espacial, somada ao simplismo de sua execução faz a jornada da loira advogada soar extremamente realista. 

Tiffany Rex Simpson (Emma Roberts) fora uma criança extremamente criativa, que sonhava em conhecer o espaço. Na juventude até conseguiu entrar para uma boa faculdade, mas a vida atropelou seus planos. A morte da mãe fez com que a moça abandonasse os estudos e se acomodasse em uma vida de festas e trabalhos aquém de sua capacidade. É apenas ao frequentar a reunião de dez anos da turma do ensino médio que ela resolve retomar as rédeas de sua vida.

Mas ela não tem os requisitos necessários para se candidatar à astronauta da NASA. Detalhe que sua melhor amiga Nadine (Poppy Liu) remedia simplesmente falsificando seu currículo. Agora a moça tem de se provar apta à rígida seleção do programa espacial, ao mesmo tempo que tenta não ser pega pela fraude. 

Uma jovem sonhadora, desacreditada por ser diferente, precisa se dedicar e provar seu valor diante das escolhas tradicionais para a mesma vaga. Uma Astronauta Quase Perfeita tinha sim potencial para ser uma "versão espacial" de Legalmente Loira. Entretanto, enquanto Elle Woods aos poucos se prova capaz de ocupar a vaga, e se adaptar sem perder sua essência,  Rex nunca evolui. Chega pronta e perfeita pra revolucionar o programa espacial. O único desafio de fato é a falta de credenciais e a fraude, erros que tem pouca consequência para a moça, cuja grande redenção é ser "genial e revolucionária".

Tratar a protagonista como excepcional, sem mostrá-la de fato sendo. Ela é apenas mais criativa que os seus concorrentes, não necessariamente extraordinária de fato. Somada à sua personalidade festeira e caricata ao ponto de soar desrespeitosa em alguns momentos. Também não ajudam à nos convencermos a torcer por ela. Se o fazemos, é mais pelo carisma de sua intérprete, do que pela personagem de fato. Emma Roberts parece estar se divertindo, com a proposta e com isso podemos nos relacionar.

E por falar na proposta, essa versão da NASA, traz uma seleção de astronautas com tarefas e provas que mais parecem um reality show. O que, se explorado ao seu máximo, poderia ser muito divertido. Mas como a proposta é seguir a jornada de Rex, vemos menos da rivalidade entre competidores, provas e eliminações do que poderíamos. 

A falta de realismo da agência espacial, se mantém ao longo de todo o filme. O que fica mais gritante quando finalmente a trama chega no espaço. Qualquer um que tenha estudado ciência do ensino fundamental, ou assistido qualquer outro filme do espaço (ainda que estes também seja irreais), não pode evitar rir da improbabilidade de toda a situação.

Ao menos o filme é honesto em deixar claro sua falta de compromisso com a realidade desde o princípio. Logo, quem aceitar e embarcar na proposta, pode se divertir com os absurdos e improbabilidades. E talvez até com as atuações exageradas. Confesso, para mim foi exagero demais, mas comédia fica ao gosto do freguês. 

Há ainda uma tentativa de interesse romântico para a protagonista, mas não há tempo para desenvolver a relação. Uma pitada de esperança surgiu, quando um dos interesses românticos da moça, mostra uma leve admiração pelo outro. Foi inevitável pensar na reviravolta dos dois rapazes deixando a moça de lado, para ficarem juntos. Mas o filme não teve essa coragem, ou criatividade. 

Um original Prime VideoUma Astronauta Quase Perfeita podia ser mais. Mais divertido, mais empoderador, mais absurdo, mais emocionante... a proposta é divertida, faltou apenas ajustar o tom das muitas ideias, para funcionarem em conjunto. Ainda sim, é possível aproveitar umas duas horas de entretenimento descompromissado.  

Uma Astronauta Quase Perfeita (Space Cadet)
2024 - EUA - 110min
Comédia


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