Um grupo ultrassecreto criado por Winston Churchil, para operar clandestinamente durante a Segunda Guerra mundial, executando sabotagens e operações de propaganda contra as potências do Eixo. O SOE, Special Operations Executive, e seus feitos são tão mirabolantes que inspiraram ninguém menos que Ian Fleming à criar o James Bond. Mas apenas recentemente suas operações foram reveladas ao público, e claro, não demorou muito para o cinema resolver levar o grupo verdadeiro para a telona.
Na missão em questão, o grupo liderado por Gus March-Phillips (Henry Cavill), precisa destruir um navio mercante usada para abastecer os submarinos nazistas, localizado na costa da África. Operando de forma totalmente clandestina, com ameaça de serem capturados tanto pelo Eixo quanto pelos Aliados, usando qualquer recurso ou esquema necessário, desde que o objetivo seja alcançado.
Além de Cavill completam a equipe, Alan Ritchson, Alex Pettyfer, Eiza González, Babs Olusanmokun, Hero Fiennes Tiffin e Henry Golding. Um elenco de rostos conhecidos, conduzido por um diretor experiente, Guy Ritchie, em um estilo que comprovadamente tem apelo com o público, já que 007 é sucesso há décadas. Mesmo assim, Guerra Sem Regras entrega um resultado não apenas abaixo do esperado, mas abaixo da média de um filme do gênero.
À começar pela construção de personagens. Reparou que no paragrafo acima listei o elenco, mas não seus personagens? Isso porquê a construção rasa e estereotipada deles impede que sequer aprendamos seus nomes. O que soa como uma falha maior quando lembramos que parte deles é inspirada em pessoas reais, que aqui foram resumida a meras características típicas de um filme de assalto. Mal decorando os nomes, resta tentar torcer pelos desconhecidos, o "Cavill", o "caçador de Ursos", o "asiático dos explosivos", a "femme fatale", o "sobrinho do Ralph Fiennes, e por aí vai...
Mas, sejamos justos, existe um motivo para a existência desses estereótipos recorrentes nesse tipo de filme, quando o roteiro é bem organizado, eles servem a um propósito. Coisa que não acontece aqui. A missão é até clara, destruir um navio. O que são confusos são os pormenores do plano e sua execução, expostos de maneira dura, quase teatral em um texto cheio de clichês e frases de efeito.
O roteiro também traz um excesso de conveniências a favor dos heróis. Em resumo, os nazistas são todos idiotas de reação absurdamente lenta e extremamente fáceis de abater. Por mais que adoremos fazer chacota dos vilões da história, é preciso que eles de fato representem uma ameaça para justificar tão força tarefa especial. Assim, por mais que percalços surjam, nunca tememos pela segurança dos mocinhos. Tão pouco duvidamos de sua capacidade de cumprir a missão.
Já a ação traz altos e baixos, que não conseguem justificar a proposta por completo. Já que os adversários nunca parecem estar à altura dos supergrupo. Os brutamontes britânicos bigodudos, literalmente caminham atirando em nazistas sem nunca receber um contra-ataque. E sempre com um poderio de fogo superior, mesmo que não pareça possível carregar tanta munição em seu pequeno barquinho de pesca.
A primeira sequencia de luta é até divertida, ao ser executada à luz do dia, e contar com a estupidez dos soldados alemães em contraponto, à falta de receios e sutileza do grupo de Cavil. Mas logo esse tom cartunesco se esgota, e não pode ser repetido à exaustão. Enquanto a grande batalha final, é escura e confusa. Mal dirigida e montada ao ponto de ficarmos perdidos tentando entender onde estão os personagens. Mas, tem tiroteio e explosões de todo o tipo, para aqueles que procuram apenas isso.
Guerra Sem Regras tinha tudo para ser um filme de ação divertido como Kingsman. Ou ainda uma ação ousada e engajada como Bastardos Inglórios. Mas só entrega uma trama confusa, personagens genéricos e uma ação que nunca empolga. A definição de potencial desperdiçado!
Guerra Sem Regras estreou com exclusividade no Prime Video!
Guerra Sem Regras (The Ministry of Ungentlemanly Warfare)
2024 - Reino Unido - 120min
Ação, Comédia
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