Young Sheldon - a despedida do Sheldinho!

Não tenho certeza se os criadores de Young Sheldon (Jovem Sheldon na versão nacional, ou Sheldinho como carinhosamente apelidamos), estavam completamente cientes dos obstáculos futuros caso a série fosse bem sucedida. Previamente preparados, ou não, ouso dizer, eles se saíram muito bem no percurso e principalmente em seu desfecho obrigatório e complexo. 

Caso você tenha passado os últimos sete anos preso em uma reprise de Star Trek e não conheça, a série traz a infância de Sheldon Lee Cooper. Personagem de Jim Parsons em The Big Bang Theory, agora interpretado pelo então pequeno Ian Armitage. Parsons continua envolvido como produtor do programa, e como narrador da história, com a versão adulta do personagem. 

E sim, o final obrigatório é o primeiro empecilho para os criadores do shoe. Muito se questionou o encerramento da série na sétima temporada, considerando que o programa é uma das maiores audiência da TV estadunidense. Entretanto, o ponto de encerramento era evidente desde o primeiro ano da série, independente de seu sucesso, o fim da infância.

A morte do pai de Sheldon e sua partida para a CalTech prévia e exaustivamente anunciada na série original, delimitam bem o fim da infância e a dissolução do núcleo familiar que compõe o programa. Logo, é admirável a coragem de resistir a tentação de expandir a proposta original, continuar acompanhando Sheldon na adolescência, ou pior alterar a história previamente estabelecida pela versão adulta. Sim, é triste nos despedir de personagens tão queridos, mas este era o melhor momento.O que não significa que vão largar completamente o osso já que o irmão de Sheldon, Georgie (Montana Jordan ) vai ganhar seu próprio spin-off solo.  

Voltado a falar em alterações na história, as que fizeram também foram acertadas. Por anos, o Sheldon adulto difamou seu pai, o chamando de alcoólatra, adultero, e até violento. Mas convenhamos, tal figura não funcionaria na série familiar que Jovem Sheldon pretendia ser. Assim, George Cooper (Lance Barber) se tornou um pai amoroso, falho e com vícios sim, mas de bom coração e intenções acima de tudo.

Seus erros grandiosos passaram a ser exageros criados pela visão peculiar do Sheldinho. Solução que soou muito natural considerando a incapacidade de compreender sutilezas que o personagem já trazia. Até mesmo o caso de adultério detalhadamente narrado em TBBT, fora desmentido. Já que o rapaz não reconheceram que tal loira com quem flagrou o pai, era a própria mãe fantasiada. 

A bem sucedida redenção de George cooper, torna ainda mais determinante o encerramento da série com seu falecimento, também previamente anunciado pela série original. O personagem não é apenas relevante para dinâmica da série, mas com o tempo se tornou extremamente querido pelo público. O que torna a continuidade do programa sem ele impensável. Além de fornecer mais um desafio para seu desfecho. 

Entre percalços e problemas a família Cooper sempre resolvia as situações pelas quais eram desafiados. Ás vezes de forma improvisada e falha, mas sempre otimista. Mas não há solução para a morte, e observar as reações dos personagens diante do luto, e abandoná-los logo em seguida é algo inédito no programa, e raro nesse tipo de série. Desafio para os roteiristas, para o elenco, e para o público que precisa lidar com algo novo, inesperado e melancólico, coisa que faria o personagem título surtar. 

Para transformar a melancolia em nostalgia, por uma infância feliz apesar de tudo, o roteiro traz de volta Sheldon e Ammy (Mayim Bialik), para mostrar a influencia dessa convivência familiar no futuro do protagonista. Relembrar que sim, tudo acaba bem a longo prazo, e matar a saudade do público. 

Mas por enquanto falei apenas do desfecho da série, o programa como um todo também foi muito bem sucedido. Nascido com a proposta de contar a vida do Sheldinho, a série permitiu que os demais personagens crescessem e conquistassem o público. Ao ponto que em muitos momentos, assumissem o protagonismo, deixando o personagem título como coadjuvante em muitos episódios. Além de Sheldon, George e Georgie, Mary, Misse e a avozinha Connie (Zoe Perry, Raegan Revord e Annie Potts), também ganharam arcos próprios e momentos de protagonismo. 

Crescimento narrativo que passa pela boa escolha de elenco. Tarefa complicada considerando a presença de crianças e o fato dos personagens já estarem estabelecidos por suas versões adultas. Mas a seleção foi perfeita, assim como o entrosamento do elenco, que alcança até os coadjuvantes e dão veracidade à família e a comunidade em que os Cooper estão inseridos. 

Young Sheldon surgiu como uma versão fofa de um personagem conhecido, praticamente um caça-níquel. Mas cresceu por conta própria sem esquecer suas origens (como poderia? Sheldon tem memória eidética). Conquistou público próprio e teve coragem de encerrar no momento certo.

O desafio agora fica para Georgie and Mandy’s First Marriage (O Primeiro Casamento de Georgie e Mandy, em tradução livre). Série derivada de uma série derivada. Quais obstáculos o programa encontrará, seus criadores estão cientes deles. E mais importante, vão superá-los? Seja como for, sempre é possível encontrar conforto em uma reprise de Jovem Sheldon, assim como em The Big Bang Theory!

Young Sheldon tem 141 episódios com cerca de meia hora, divididos entre sete temporadas. É exibida na Warner, está disponível completa no Max, enquanto as temporadas mais antigas também estão na Netflix.

Post a Comment

أحدث أقدم