Avatar: O Último Mestre do Ar - 1ª temporada

Nunca assisti a animação Avatar: A lenda de Aang, portanto não tenho apegos, referências e expectativas quanto a história. Ao ponto de nem ter achado a adaptação de M. Night Shyamalan de 2010 tão ruim assim (duvida? Leia a crítica). Na época gostei de conhecer um novo universo de fantasia, e isso fora suficiente. Agora em 2024, embarquei na primeira temporada de Avatar: O Último Mestre do Ar, adaptação da Netflix para a série animada, igualmente com poucas expectativas. De fato, meu único anseio é que esta versão fosse bem sucedida para ter sequencias, e eu finalmente conhecer o final da história. 

Em um mundo onde nações são definidas por suas habilidades de dominar um dos quatro elementos, a nação do Fogo pretende dominar o planeta, para isso entra em guerra contra as nações da Terra, Água e Ar. Apenas o Avatar, único capaz de controlar os quatro elementos seria capaz de restaurar a paz. Mas, o escolhido desapareceu por cem anos, o mundo está quase todo sob o domínio da nação do Fogo. É nesse cenário que Katara (Kiawentiio) e seu irmão Sokka (Ian Ousley), jovens do povo da Água do sul, encontram Aang (Gordon Cormier), o Avatar desaparecido e último mestre da tribo do ar. O trio se une para terminar o treinamento do garoto e restabelecer o equilíbrio do mundo. 

A primeira coisa que chama atenção na versão da Netflix é o visual, colorido e vibrante. Especialmente os figurinos, que de tão perfeitos parecem cosplays dos personagens, no mal sentido. Os figurinos novinhos, mega coloridos e super alinhados, não condizem com roupas utilizadas todo dia, ainda mais se contarmos o desgaste de viver altas aventuras com elas. É fiel ao desenho, mas tira o peso do "realismo" que o livre-arbítrio devia proporcionar. 

É claro, trata-se de um "realismo" dentro de um universo de fantasia, onde pessoas podem manipular elementos da natureza. E dentro dessa proposta a criação de universo é eficiente, cm diferentes locações, culturas e criaturas, conforme o trio protagonista explora aquele mundo. Os efeitos visuais funcionam na maior parte do tempo. E nas poucas vezes que falham, são facilmente relevados pelo envolvimento com a jornada. 

E por falar em envolvimento, é neste quesito que as opiniões mais se dividem. Com o grupo de fãs da animação, alegando que o roteiro não abraçou o espírito do desenho. Enquanto para os não iniciados é bem mais fácil se envolver. Particularmente, me encaixo no segundo grupo. O trio principal é carismático e esforçado, nos fazendo torcer por eles com facilidade. Entretanto é Dallas Liu quem mais se destaca, já que seu Príncipe Zuko, tem mais camadas e bagagem a serem exploradas. 

Entre o elenco adulto, os destaques ficam com o acertadamente bonachão Paul Sun-Hyung Lee, como tio Iroh. Ken Leung como o ambicioso, comandante Zhao. E o ameaçador Lod Ozai de Daniel Dae Kim. O ponto fraco é a Azula de Elizabeth Yu, caricata e mecânica demais, mesmo nos padrões propositalmente exagerados da produção. 

O roteiro abandona os desvios e histórias paralelas, comuns em animações com dezenas de episódios, para focar na linha principal, a transformação em Aang no Avatar e o embate com a Nação do Fogo. A escolha faz com que a produção perca um pouco da riqueza da construção de mundo, e na convivência entre os personagens (talvez aí esteja a tal alma, que os fãs acreditam que a série não tenha). Mas é a escolha acertada considerando o número limitado de episódios, e os custos que um mundo mágico majoritariamente criado em CGI traz. Compensando a perda de exploração de universo, em foco, ritmo e coerência. A narrativa mais "enxugada" é perfeita para aqueles, que como eu, não tem tempo ou paciência, para as longas durações dos animes. 

 Avatar: O Último Mestre do Ar talvez tenha decepcionado os fãs da série animada, que esperaram demais por uma versão em live-action. Por outro lado, é eficiente em apresentar, e envolver neste novo mundo, quem nunca teve contato com a história. Ou mesmo conheceu apenas pela versão rasa de Shyamalan. Clara, direta, dinâmica, com CGI eficiente e boas sequencias de ação. É diversão acertada, para quem procura uma maratona aventuresca para toda a família. 

 Avatar: O Último Mestre do Ar tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos disponíveis na Netflix

Leia também a crítica de O Ultimo Mestre do Ar, o filme de 2010!

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