Em tempos de blockbusters bilionários, as modestas comédias românticas que povoavam os cinemas nas décadas de 1990 e 2000, não encontram mais tanto espaço na tela grande. É o streaming que tem sustentado o gênero, uma boa aposta para aumentar o catálogo, já que custam pouco e tem público cativo. Infelizmente, não é incomum o excesso de clichês e a falta de originalidade nas obras do gênero nas plataformas. Logo, quando uma obra mostra um pouquinho de personalidade logo se destaca, como tem acontecido com Amor à Primeira Vista, que apesar do título genérico, surpreende pela honestidade.
A atrapalhada Hadley (Haley Lu Richardson) perde seu voo para Londres, e ao embarcar no seguinte acaba conhecendo Oliver (Ben Hardy). A dupla tem conexão imediata, e passam as mais de seis horas de viagem se conhecendo e apaixonando. Mas obviamente, ignorando as facilidades da era da tecnologia, esquecem de trocar contatos, e inevitavelmente se separam no aeroporto. Cada um vivendo momentos marcantes em suas vidas separados, precisam forçar o destino para se reencontrarem.
Baseado no romance A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista que por sua vez é levemente inspirado em uma experiência da autora Jennifer E. Smith. A história parte do clichê do amor à primeira vista, e dos encontros e desencontros de um relacionamento repentino. Mas abraça esse relacionamento com mais pé no chão que o usual em filmes do gênero. Além de oferecer também um desenvolvimento individual para o casal.
É claro, ainda há momentos de roupantes mirabolantes como abandonar uma festa no meio. Ou ainda situações improváveis, como um funeral inspirado em Shakespeare. Mas a interação entre os apaixonados é bastante realista (dentro do possível em um relacionamento construído em 24 horas). Ao mesmo tempo que sentem a ânsia do romance repentino, Hadley e Oliver, ainda compreendem o absurdo que é largar tudo por alguém com quem interagiu por algumas horas. E também que os momentos decisivos pelos quais estão passando podem estar exacerbando esses sentimentos.
Felizmente, eles vão "solucionar" esses momentos chave de suas jornadas individuais, graças a sua interação um com o outro. E correr para encontrar o amor de suas vidas. Afinal, esta ainda é uma comédia romântica. Embora, o roteiro seja bastante econômico no quesito comédia. A maior parte das piadas, vem na narradora onisciente e onipresente vivida por Jameela Jamil. A eterna Tahani de The Good Place, oferece charme à esta personagem que além de nossa guia na história, também funciona como uma espécie de fada madrinha.
A direção de Vanessa Caswill é eficiente, mas não traz nada de novo ou extraordinário. Enquanto o roteiro Katie Lovejoy, brinca ao mostrar as narrativas de cada um dos pombinhos separadamente, e ao exaltar números e probabilidades dos eventos. O que faria muito mais sentido se o título do livro fosse mantido. Falta também a trilha sonora mais marcante e cativante, que geralmente embalam e ajudam o espectador a se apaixonar junto com o casal protagonista.
Amor à Primeira Vista é mais fofo que cômico, e surpreendentemente honesto. Ainda não tem o encantamento de grande filmes do gênero, mas atende quem gosta de comédias romanticas. E entretém quem busca uma hora e meia de diversão leve e otimista. Não deixe o título absurdamente genérico, te enganar, vale a sessão!
Amor à Primeira Vista (Love at First Sight)
2023 - EUA/Reino Unido - 90min
Comédia romântica
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