Resgate 2

"O Thor caiu de uma ponte quase morto no final!" Honestamente isto era quase tudo que eu lembrava de Resgate, filme da Netflix lançado em 2020. Isso, e o excelentíssimo "quebra-pau" que seu diretor/dublê Sam Hargrave proporcionou a um história bastante simples. Felizmente fãs deste gênero não se importam com a simplicidade da história, desde a ação corresponda as expectativas. E o como o fez, a produção virou franquia, e este anos fomos presenteados com Resgate 2.

Obviamente, o "Thor", ou melhor Tyler Rake (Chris Hemsworth) sobreviveu ao desfecho quase mortal do primeiro filme. Acertadamente com muita dificuldade, e após um tempo tentando levar uma vida mais pacata, uma nova missão é oferecida a ele. Dessa vez mais pessoal, e com conexões com seu passado trágico. Ele precisa resgatar (claro!) a esposa de um criminoso e seus filhos pequenos de uma prisão na Geórgia. Sempre com o apoio de sua equipe Nik e Yaz (Golshifteh Farahani e Adam Bessa).

Dessa vez temos mais conhecimento dos personagens, seu passado e motivações. Não porquê o filme os explora com mais destreza, mas pelo simples fato de que já passamos algum tempo com eles. Familiaridade que facilita a empatia principalmente com os bons coadjuvantes Nik e Yaz. No filme anterior o protagonista era o único de fato a gerar maior conexão com o público, mais pelo carisma de Hemsworth, do que por seu desenvolvimento de fato. 

O roteiro da sequencia explora mais o passado de Rake, ao criar um espelhamento de seu drama com um dos alvos resgatados. Falando sobre a conexão entre pai e filho, responsabilidades e expectativas. Assim como aborda levemente os conceitos de família, real e imposta, e fidelidade cega. Ainda que tenha momentos pontuais de drama, geralmente rasos e clichês, é ação que a franquia promete. A história é mero pretexto para criar as sequencias de luta, perseguição e afins. E o filme é bem honesto e ciente ao deixar seu foco claro. 

E a ação prometida é sim entregue, até certo ponto. Se no longa anterior um plano sequencia complexo de perseguição pelas ruas de  Dhaka, chamava atenção ao mesmo tempo que tirava o fôlego, com a qualidade técnica e ousadia, aqui esse desafio é ampliado. Hargrave escolhe trazer toda o trecho da extração principal no formato de plano sequencia. São mais de vinte minutos sem cortes (aparentes), onde a ação bem coreografada e desenfreada. Mudando de cenário, entrando e saindo de veículos, incluindo muitos extras, crianças, alterações de luz, muitos acidentes, capotagens, e violência brutal, embora pouco gráfica. Um desafio de logística gigantesco, entregue de forma exemplar e eletrizante. 

O problema, é que esta é a primeira grande cena de ação do filme. E depois dela, tudo se torna mediano, até mesmo o clímax da produção. Não que as sequencias sejam de fato medianas, são excelentes, mas poderiam estar em qualquer filme de ação. A ousadia e a complexidade dão lugar a um embate tecnicamente perfeito, mas sem personalidade.  

E por falar em personalidade Hemsworth, continua usando boa parte da sua para carregar a produção. Enquanto Golshifteh Farahani ganha um merecido espaço extra em relação a produção anterior. A surpresa fica por conta da ponta de luxo feita por Idris Elba, que traz a promessa de novas missões para Tyler Rake e sua franquia.


Missões essas que serão bem vindas, se a Netflix e Hargrave continuarem entregando este bom trabalho. Resgate 2 não é profundo e cheio de camadas, e nem pretende ser. O longa se dispõe a ser um grande filme de ação, e mesmo com um escorregão ou outro, ainda o é. Bem produzido, frenético e eletrizante, uma ação pipoca de qualidade!

Resgate 2 (Extraction II)
2023 - EUA - 122min
Ação

Leia a crítica de Resgate!

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