Muita gente nem sabe, mas Pinóquio é uma adaptação do romance Le avventure di Pinocchio do escritor italiano Carlo Collodi. Isso porquê a versão que Walt Disney lançou em 1940 dominou o imaginário popular, tornando-se referência quando pensamos na história do boneco de madeira. Mas, caso você tenha passado os últimos anos preso no interior de uma baleia, e nunca tenha ouvido falar desse filme, eis uma breve sinopse:
Um velho carpinteiro italiano chamado Geppetto constrói um boneco de madeira e imagina como seria maravilhoso se ele ganhasse vida, ao fazer um pedido à uma estrela. Então a Fada Azul atende seu pedido, dá vida à marionete. Mas para se tornar um menino de verdade Pinóquio precisa se provar obediente, corajoso e altruísta. Ingênuo, o boneco vai ser enganado, guiado para o mal caminho, vai fazer escolhas ruins e lidar com as consequências de tudo isso antes de se tornar merecedor da humanidade. Sempre com a ajuda de seu fiel escudeiro e consciência o Grilo Falante.
Pinóquio é um exemplar da era “pré-politicamente correto” quando não se tinha medo de “assustar” as crianças para ensinar uma lição. O filme é cheio de mal exemplos, e resultados assustadores para as escolhas ruins do personagem. Ver Pinóquio se tornar um burro por beber e fumar, é uma das melhores propagandas antidrogas que se pode ter. E acredite se quiser, apesar de tudo isso, a versão da Disney é muito mais leve que a história original. Pra se ter noção no romance o boneco mata o Grilo Falante.
Mesmo assim, as passagens mais assustadoras, e alguns temas mais pesados, podem ser considerados inadequados por alguns pais. Tanto que a versão live-action lançada este ano no Disney+ amenizou alguns elementos. Particularmente, não acho que as versões antigas atualmente consideradas "politicamente incorretas" devam ser censuradas. Poupar as crianças de determinados temas, é menos produtivo do que explicá-los para elas. O melhor é assistir junto, e mostrar os problemas de certos detalhes, de uma forma que entendam. Cabe a cada responsável, conhecer suas crianças e determinar em que momento, e de qual forma abordar esses assuntos.
Apesar da época, o ritmo não soa tão arrastado para os dias de hoje quanto outras obras do período. É até um tanto quanto frenético, considerando que o filme tem uma hora e meia de duração, e nesse período o protagonista passa por diferentes provações. Ele é enganado, vendido, explorado, foge, quase se transforma em burro, é engolido por uma baleia e escapada dela. Tudo isso em uma hora e meia!
É a linguagem o elemento mais diferente. Tanto os diálogos, um pouco formais demais para a molecada de hoje, quanto o estilo da atuação do elenco de vozes. A fala é mais compassada e teatral do que as animações atuais.
Este é apenas o segundo longa metragem animado da Disney (Branca de Neve e os Sete Anões de 1937, foi o primeiro), mesmo assim a evolução tecnológica é visível. Uma maior variedade e complexidade de cenários e elementos, o estúdio criou uma nova técnica de animação que criava movimentos mais realistas, dava mais profundidade às cenas, e torna mais eficiente o uso de sombras e transparências.
É de Pinóquio o tema “When you wish upon a Star” que virou a música oficial da Disney. Tocando na introdução de todos os filmes do estúdio. Canção que levou um dos dois primeiros Oscar competitivos ganhos por um filme de animação. O longa também levou o prêmio de Melhor Trilha Sonora.
Outra curiosidade é que em seu lançamento, em 1940, o filme foi um fracasso de bilheteria, por causa da Segunda Guerra Mundial. Obtendo lucro apenas em seu relançamento em 1945. Felizmente bilheteria não é reflexo de qualidade.
Doce e assustador ao mesmo tempo (duas características curiosas de se combinar), Pinóquio é um conto cheio de lições para seu público mirim. Fofo e divertido, ainda funciona para a molecada de hoje, basta apresentar para eles. Além de ser um marco da história da animação. Tá na minha lista de indispensáveis sim, e na sua?
O Projeto 1001, é um desafio cinéfilo que está rolando aqui no blog e em meu TikTok. Nele eu tento assistir as produções listadas no livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer de Steven Jay Schneider. Sempre deixando minhas impressões, apontando detalhes e curiosidades.
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