Este fim de semana, a Netflix surpreendeu o público, e soltou sem aviso prévio um episódio extra para a então supostamente finalizada primeira temporada de Sandman. Composto por duas histórias diferentes, este novo capítulo explora uma abordagem diferente para o personagem título. 
Sonho de Mil Gatos nos apresenta um ponto de vista felino de um sonho. Ao acompanhar uma reunião noturna de gatos, que se reúnem para ouvir a palavra de uma gata que sonhou mais alto. Em formato de animação, o episódio traz vozes de nomes conhecidos como James McAvoy, Sandra Oh, David Tennant, Michael Sheen e o próprio Neil Gaiman, além, é claro, de Tom Sturridge como o Gato dos sonhos.
Na história, uma gata que, ao viver com os humanos, presenciou um assassinato brutal, viaja até o mundo dos sonhos para buscar libertação, e encontra até formas de dominação. Subjugar o grupo dominante, que comete atos injustos. é um tema que fala com nossa própria sociedade, quando nos referimos a minorias. Domesticação de animais e iluminação através das ideias de terceiros, são outros dos muitos temas que se pode discutir através deste simples, porém rico conto de Gaiman. Quais seriam seus sonhos se você fosse um gato? Acima de tudo, o episódio expande o reino de Morfeus ao afirmar que todas as criaturas sonham, e que sonhos podem mudar o mundo.
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Em Calliope retornamos ao live-action para contar a história de uma musa aprisionada por um autor em busca de inspiração constante. Aprofundando mais na mitologia deste universo, enquanto discute temas atuais. Musas e outras divindades como o panteão grego, existem e a forma como a humanidade os venera interfere em sua existência. Esses seres milenares se relacionam, e tem muito mais bagagem do que podemos imaginar.
Já no plano mais "terreno" da discussão, os temas vão desde dilemas morais, à desafio do capitalismo. Como a cobrança mercadológica sobre autores e outros artistas cujo trabalho não resulta de uma formula precisa que respeita prazos e exigências externas. A urgência de alimentar o sucesso para que ele continue. A obsolescência do autor quando a "moda" passa. E ainda a verdadeira origem das obras, de onde vem a inspiração. Além do cárcere e escravidão. No elenco, os destaques ficam com Arthur Darvill, Melissanthi Mahut e novamente Sturridge.
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Em comum, estas duas histórias que compõem o episódio, tem a forma como retratam o personagem título. Diferente dos demais capítulos da temporada, Sandman aqui não é o foco, mas o elemento em comum que inspira e resgata os personagens. Mostrando que o Sonho tem muito mais força e funções em nossa realidade que apenas nos "entreter" durante o sono. Ele está sempre aqui alimentando e interagindo com nossos anseios e falhas.
Baseada em dois contos presentes no arco Terra dos Sonhos presentes no terceiro arco de Sandman, essa abordagem menos centralizada em Morpheus, dá a série a liberdade de explorar diferentes temas, personagens, épocas e até espécies, através da perspectiva do sonhar. Abraçando uma bem vinda e rica expansão de mundo. O formato pode tanto se tornar o carro chefe, como tranquilamente se alternar com narrativas focadas no senhor do Sonho. Uma excelente surpresa e uma indicação dos caminhos possíveis para temporadas futuras.
Apesar de dividido em duas partes, este 11º episódio, assim como os demais, tem cerca de uma hora de duração. A temporada completa está disponível na Netflix.
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