Olá, Adeus e Tudo Mais

Histórias de romances juvenis que terminam com a mudança da faculdade existem aos montes. O que faz o diferencial de cada uma é o que acontece entre o primeiro encontro e a despedida. A construção de um relacionamento, o tempo compartilhado, e a separação. Olá, Adeus e Tudo Mais, tenta inverter esta ordem e não consegue criar a empatia do público com seus personagens. 

Claire e Aidan (Talia Ryder e Jordan Fisher) fazem um pacto logo no primeiro encontro, se separar amigavelmente antes de partirem para suas respectivas faculdades. Determinado a ficar com a moça, Aidan tenta recriar seus melhores momentos em um grande encontro de despedida. Deixando Claire na duvida quanto a seus planos. 

Reparou que a sinopse pula do primeiro contato para o encontro de despedida? Pois é exatamente o que Olá, Adeus e Tudo Mais faz. Nos apresenta o casal, para em seguida mostrar sua grande despedida, deixando tudo que há no meio destes dois momentos para ser mostrado com flashbacks e referências ao longo desta longa ultima noite juntos. Escolha que pode funcionar bem nas páginas do livro homônimo de  Jennifer E. Smith, mas que aqui falha em criar uma conexão com o público. 

Conhecendo tão pouco do casal principal, fica difícil torcer por eles tão cedo na história. E os poucos flashbacks de seu tempo juntos não são suficientes para criar essa conexão e o consequente engajamento pelo romance. O "tudo mais" entre o olá e o adeus, e escasso, desconexo e pouco fluido. Até mesmo a torcida pelos personagens individualmente é prejudicada por sua pouca construção. 

Irredutível, e com uma motivação rasa para suas convicções (seus pais eram namorados de escola e não deram certo, logo ninguém mais vai dar e todo termino sempre será um desastre), Claire soa birrenta e aborrecida na maior parte do tempo. Já Aidan tem um conflito sobre a escolha de sua faculdade jogado apenas no último minuto, meramente para apimentar uma discussão de casal. 

Suas famílias e amigos são meros estereótipos que estão ali apenas para preencher espaço, enquanto o roteiro tenta criar memórias para o casal. À certa altura Aidan encontra o melhor amigo beijando sua irmã. O rapaz se mostra desconcertado na cena, e .... é só isso mesmo. Nada é explorado ou desenvolvido a partir daí. O mesmo vale para o romance da melhor amiga de Claire, ou qualquer tema relacionado aos pais do casal protagonista. 

E por falar no casal principal, seus intérpretes também não ajudam a construir a tão necessária empatia que move histórias de romances. Fisher até tenta embutir seu charme conhecido de outras comédias românticas em seu mocinho determinado, mas pouco consegue fazer com o que o roteiro oferece. Já Talia Ryder não consegue sair do arquétipo de garota comum, que não tem noção das boas oportunidades que recebe. 

Em seu longa de estreia como diretor Michael Lewen não consegue entregar nada além do básico. A fotografia é pouco inspirada, assim como a edição, apesar da boa proposta de omissão e resgate de tempo. Falta personalidade à obra como um todo. 

Talvez agrade aos fãs do livro, que vão finalmente ter seus momentos icônicos recriados nas telas. Mas, como não li, não posso afirmar que a obra seja fiel a versão escrita. De qualquer forma, o filme é outra mídia, e precisa funcionar sozinho, sem exigir que o público tenha bagagem prévia.

Um roteiro mais criativo, e um diretor mais ousado poderiam usar proposta de omissão de tempo e resgate via flashbacks de Olá, Adeus e Tudo Mais, para construir uma obra com estilo próprio e montagem criativa. Mas a produção da Netflix, opta pelo caminho mais simples e não consegue gerar empatia pelos personagens. O resultado é uma obra morna, que não conquista. Uma comédia romântica que não diverte, nem nos faz torcer pelo romance.

Olá, Adeus e Tudo Mais (Hello, Goodbye and Everything in Between)
2022 - EUA - 82min
Comédia romântica

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