O Maldivas, um condomínio luxuoso situado na Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, é cenário de um misterioso incêndio criminoso, que tirou a vida de Patrícia Duque (Vanessa Gerbelli). A vítima é mãe de Liz (Bruna Marquezine), que há muito afastada não chega à tempo de reencontrar a mãe com vida, e decide se infiltrar no condomínio para investigar sua morte. Os suspeitos? As rainhas do Maldivas a ex síndica Milene (Manu Gavassi), a ex cantora de Axé Rayssa (Sheron Menezzes) e a mãe de família com marido em prisão domiciliar Verônica (Natalia Klein).
Narrada por Verônica (Natalia Klein, que também é criadora da série), a produção usa um humor ácido, para exagerar e criticar mazelas da alta sociedade representadas, nesta micro versão dela. O Maldivas é um mundo a parte, é possível se viver sem nunca deixar o condomínio e tudo que pode existir de ruim na alta sociedade existe nele. Corrupção, fofoca, casamentos de fachada, traições, obsessão pela aparência e status, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, entre outros segredos que serviriam facilmente como motivação para um assassinato.
A narração também pode contar pontos contra. Apesar de sarcástica e engraçada, suas intrusões constantes podem incomodar e atrapalhar a imersão do público. Além de muitas vezes entregar críticas e detalhes que poderíamos alcançar muito bem sozinhos. O didatismo, diminui o engajamento.
E por falar em personagens Manu Gavassi acertou em cheio em sua "Barbie" de procedimentos cirúrgicos. Milene exala toda a confiança de uma diva de seu mundo, mas por baixo da couraça de grife é a mais insegura das criaturas. Natalia Klein, Sheron Menezzes e Carol Castro, completam o quinteto que constrói uma excelente dinâmica de "aminimigas". Todo mundo é melhor amiga, mas ninguém de fato é verdadeira. Além disso, todos são propositalmente caricatos, para ressaltar os absurdos de suas vidas privilegiadas. E cada uma das protagonistas tem seu arco e dilemas próprios, dividindo espaço com o mistério de assassinato.
A direção de arte é eficiente em criar um mundo no Maldivas. A história se passa praticamente toda no condomínio, que exala tanto o luxo quanto as meras aparências. Dezenas de flamingos gigantes nas piscinas, nenhum deles cabe nas minúsculas salas dos caríssimos apartamentos, que seus moradores acreditam ser melhores apenas por seu status. A montagem é dinâmica e espertinha na hora de conectar temas e elementos. Já figurino e fotografia, ressaltam o colorido de uma vida fútil, bem como o tom bem humorado da narrativa. Além de oferecer uma bem vinda personalidade visual própria.
Quanto ao mistério? Sim, ele é resolvido na primeira temporada de forma coerente e satisfatória. Mas não faltam temas e oportunidades para construir um segundo ano. Além disso, é fácil se apegar às "divas malvadas" do Maldivas (desculpa, não resisti ao trocadilho), e desejar acompanhar um pouco mais de seu cotidiano.
Pode-se dizer que Maldivas é uma "versão nacional" de Desperate Housewives. Trazendo nossa realidade, e críticas a nossa sociedade para este formato, cheio de melodrama e bom humor. No final das contas, a dramédia entrega muito mais do que o clássico Quem matou?
Maldivas tem sete episódios com duração que varia de meia hora à quarenta minutos. Todos já disponíveis na Netflix.
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