Perdidos no Espaço - 3ª (e última) temporada

Houve um tempo em que a Netflix fora considerada refúgio de séries canceladas. Mas isso mudou, e a plataforma não tem receio de limar produções que não causaram o burburinho desejado. Sortudos são os programas de audiência média que ganham um encerramento, mesmo que precoce. Este é o caso de Perdidos no Espaço, que ganhou uma temporada final mais curta, apenas para não deixar a família Robson eternamente à deriva em uma galáxia distante.

Um ano se passou desde de que deixamos o 24º grupos de colonos da Resolute divididos em dois grupos. As crianças, desviadas do curso por uma nave dada como perdida há vinte anos, vivendo em um planeta desconhecido e tentando reparar sua Júpiter para continuar sua viagem até Alpha Centauri. E os adultos sobrevivendo como podem, com suas Júpiters em órbita do planeta habitado pelos robôs assassinos.

Assim, metade da temporada trabalha as jornadas e dilemas do grupo separadamente, antes de reuni-los em volta dos dois dilemas principais da série, chegar a Alpha Centauri e derrotar os robôs alienígenas. Nesse meio tempo, descobrimos um pouco mais sobre a origem dos robôs e o desaparecimento da nave Fortuna. As crianças precisam amadurecer e resolver os problemas sozinhas, enquanto os adultos tem que administrar a culpa por deixar os filhos e a luta pela sobrevivência.


Individualmente, Judy (Taylor Russel)carrega as responsabilidades de capitã ao mesmo tempo que descobre suas origens. Um encontro que podia trazer dilemas mais complexos, inclusive para seus pais, mas é satisfatoriamente simplificado diante dos poucos episódios. Penny (Mina Sundwall) fica dividida ente dois interesses amorosos. Enquanto Will (Maxwell Jenkins) encara a preocupação quanto à sua conexão com os robôs assassinos, que pode por todos em risco. Já os arcos dos adultos são menos desenvolvidos neste terceiro ano. 

John e Maureen (Toby Stephens e Molly Parker) estão preocupados em reestruturar a família e compensar o tempo perdido com os filhos. Dra. Smith (Parker Posey) continua com sua personalidade ambígua, oscilando entre seu covarde senso de autopreservação, e a vontade genuína de ajudar. É Dom (Ignacio Serricchio) quem não tem muito o que fazer, já que sua jornada aqui se limita a descobrir o que ele já aprendera em temporadas anteriores, que agora ele é parte da família, e nem precisou do interesse amoroso com Judy, como na série original, para tal. 


Não podemos deixar de falar do Robô (Brian Steele). O personagem mais alterado nesta releitura da série clássica, teve sua origem alterada, o que acabou por criar a maior ameaça da série. Os robôs alienígenas que perseguem nossos heróis tem uma origem rica explicada, embora suas motivações ainda sejam confusas. Eles querem seu motor de volta? Querem se libertar? Matar os líderes? Querem o Will? Todas as alternativas anteriores? Ainda que confusas suas razões, as máquinas ainda se mostram desafio à altura mesmo após três temporadas, além de levantar uma discussão interessante, sobre livre arbítrio, criador e criatura. Já o Robô original, aqueles que se conecta com o Will, expande ainda mais seu livre arbítrio. E precisa abrir mão de seu instinto de proteger o garoto em alguns momentos. 

Belas e distintas paisagens, continuam criando um universo rico e vasto, ainda que a série visite poucos planetas. O quinto episódio, Stuck, é o que traz cenários mais inusitados e remete aos planetas curiosos e dificuldades episódicas típicas da série original ao colocar o elenco principal em uma missão solo.

A terceira e última temporada de Perdidos no Espaço, tem menos episódios que os anos anteriores, mas faz bom uso desse pouco tempo para tornar a jornada ainda mais dinâmica e frenética. Divertida, inteligente e ainda com a família como tema principal, a série oferece um final mais que satisfatório para a jornada dos Robson e companhia. Uma boa obra com início meio e fim, da Netflix, que merece a maratona.

A terceira temporada de Perdidos no Espaço tem oito episódio, enquanto as temporadas anteriores tem 10. Todos com cerca de uma hora de duração e disponíveis na Netflix

Leia mais sobre a série.

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