Nesta primeira temporada acompanhamos Morraine (Rosamund Pike) membro das Aes Sedai, uma poderosa organização de mulheres praticantes de magia, na busca pela reencarnação de um Dragão milenar que pode salvar ou destruir o mundo. Ela convoca cinco jovens candidatos, cada um com seus dilemas e prioridades.
A Roda do Tempo é a adaptação da série literária de alta fantasia homônima escrita por Robert Jordan, que possui nada menos que quatorze volumes principais, e outros três livros complementares. Logo, não há duvidas, existem o um material extenso e complexo a ser explorado aqui.
Entretanto, adaptar obra tão grandiosa não é tarefa tão simples. É preciso haver equilíbrio entre a necessária exposição para apresentar o universo, e o desenrolar natural da trama. Uma vez que a série não pode depender de que seu público conheça os detalhes oferecidos nos livros. Tarefa que a série do Prime Vídeo tem bastante dificuldade em executar. Geralmente correndo com a construção de mundo, para evitar que a trama soe monótona.
O resultado são muitas dúvidas específicas, e o desconhecimento da importância de diversos elementos naquele mundo.Ou ainda elementos explorados superficialmente, como a tal Praga, e a cidade que tem sobrevivido à ela. Apresentadas de supetão nos últimos episódios, e cenário determinante na batalha do clímax, não consegue criar a tensão necessária que o desfecho pede. Isso pelo simples fato de, ser é difícil nos preocupar realmente com algo que acabamos de conhecer, e do qual sabemos muito pouco.
Felizmente, a série faz um trabalho melhor na construção dos personagens. A decisão de manter a incógnita sobre a identidade do "escolhido", é inusitada, e oferece um bem vindo protagonismo aos seus companheiros. Embora, enfraqueça o suposto protagonista, diminuindo nossa empatia com ele quando seu papel é finalmente revelado.
Entre os destaques, Morraine de Rosamund Pike tem o peso e mistério tradicionais de uma mentora/líder de uma aventura fantástica. Mas é seu guardião Lan e Nynaeve (Daniel Henney e Zoë Robins)quem mais conquistam o público, com suas personalidades intensas e boa dinâmica. Os demais jovens entregam o que o roteiro pede,sem grandes destaques, mas se saindo relativamente bem, mesmo quando seus arcos os levam a ter atitudes mais aborrecidas. Completam o elenco principal, Madeleine Madden, Josha Stradowski, Marcus Rutherford e Barney Harris. Álvaro Morte, de La Casa de Papel, Sophie Okonedo de His Dark Materials e Michael McElhatton, de Game of Thrones, são as participações especiais que chamam atenção.
Apesar de alguns cenários mais artificiais em CGI, as paisagens em que a história se passam, são ricas e distintas. Determinando bem as diferenças entre regiões, e a aspereza daquele mundo. Já a escolha por maquiagem para criar os vilões Trollocs, oferece certa nostalgia das produções de fantasia dos anos de 1980. Além de trazerem um realismo que amplia a ameaça.
Entretanto, são os cenários de interiores e figurinos os pontos fortes da produção. Oscilando bem entre as roupas e casas simples do povo comum, até o luxo dos salões e figurinos das líderes das Aes Sedai. Sempre com distinções claras de classes, castas e símbolos.
A Roda do Tempo não acertou em cheio logo na primeira temporada, mas acerta na construção de personagens, e traz mitologia suficiente para instigar a curiosidade. Não compreendemos tudo, mas o suficiente para desejar saber mais. Ainda não é um novo Game of Thrones, mas tem potencial para tal. Que as já temporadas dois e três cheguem logo, corrigindo as falhas e apresentando uma construção de mundo mais completa.
A Roda do Tempo tem oito episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no Prime Video. O segundo ano está em produção, e o terceiro já foi confirmado.
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