Jungle Cruise

 Desde que Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra foi um sucesso estrondoso em 2003, a Disney procura avidamente por uma nova produção que arrecade rios de dinheiro, e ao mesmo tempo revitalize o interesse por tradicionais brinquedos de seus parques. Não funcionou com Mansão Mal-Assombrada, Tomorrowland é bom, mas não conquistou o publico. A nova aposta é Jungle Cruise, que teve ainda uma dificuldade extra, ser lançado em plena pandemia nos cinemas, e simultaneamente no Premier Access do Disney+.

Frank Wolff (Dwayne Johnson), capitão do barco La Guilla trabalha como guia, levando turistas para conhecer a "exótica floresta Amazônica" por seus rios, na década de 1910. Ele é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e seu irmão McGregor (Jack Whitehall), para levá-los até uma árvore mítica, cujo frutos tem propriedades que podem revolucionar a medicina. É claro, tem um vilão caricato/projeto de Nazista em seu encalço.

Em todas as obras mencionadas no primeiro paragrafo deste texto, a fórmula é a mesma: um astro de Hollywood (Johnny Depp, Eddie Murphy, George Clooney, The Rock), embarca com simpáticos companheiros em uma aventura frenética com tons de comédia, enquanto são perseguidos por vilões caricatos. Jungle Cruise não foge à regra (ou seria fórmula?), emulando características de franquias como a já mencionada Piratas do Caribe, Indiana Jones e A Múmia, mas com muito menos personalidade e criatividade.

A busca pelo "artefato mágico", o interesse amoroso nascido da adversidade, vilões sobrenaturais amaldiçoados, um cenário exótico cheio de perigos, tudo o que o filme traz são características que conhecemos e amamos de outras produções. O que torna a obra familiar e confortável de assistir para quem já é fã de filmes do gênero, e deve encantar as novas gerações que ainda não tem essa bagagem.

Outro fator que conquista o público é o enorme carisma do elenco, que desempenha bem os papéis para que foram designados. Dwayne Johnson continua entregando seu usual brutamontes gentil, e não precisa ir além disso para nos conquistar com seu carisma. Emily Blunt passa transmite verdade e determinação que validam as motivações rasas da personagem, ao mesmo tempo que apresenta uma mulher forte e simpática. A dupla de protagonista tem uma dinâmica mais divertida que romântica, mas funciona em ambos os aspectos.

Jesse Plemons continua a surpreender com suas composições contidas e peculiares, dessa vez com um sotaque fortíssimo para acionar o tom caricato que a aventura pede do vilão protótipo de nazista. Paul Giamatti, cria um personagem interessante ainda que sub aproveitado. Enquanto Jack Whitehall, e o sidekick simpático, que se mete em enrascadas para garantir o alívio cômico, servindo à trama apenas pontualmente. 

E por falar em alívio cômico, a produção vai mais além e tem o bom humor bem encaixado no roteiro. Não arranca gargalhadas, mas mantém o astral alto e a aventura leve. O destaque fica por conta das referências ao brinquedo do parque da Disney que inspirou a produção.

O roteiro segue a fórmula como um manual, e consegue apresentar e desenrolar a trama em um ritmo constante. Não há excessos, ou arrastos, mas também não existem surpresas. Impossível não deduzir os caminhos que a trama vai seguir após alguns minutos de projeção. O mesmo vale para a direção. Jaume Collet-Serra, que tem filmes de ação e bons suspenses no currículo, segue a cartilha direitinho e entrega uma boa produção para toda a família, fazendo o simples, sem grandes invencionices. 

Os efeitos especiais são eficientes, especialmente na criação das paisagens. Ainda que para nós brasileiros, a Amazônia não pareça a mesma, a técnica dá o tom lúdico e fabulesco que a trama sugere. Ainda que a caracterização dos nativos, e a mistura de referencias de diferentes povos da América do sul, seja preguiçosa e mais difícil de engolir. Nada, no entanto, que comprometa demais nosso engajamento. Afinal, a caricatura errônea de povos nativos, também faz parte da fórmula deste tipo de produção. É triste afirmar, já estamos acostumados.

A sensação ao final de Jungle Cruise é de que já vimos este filme. Entretanto, a produção caprichada, a fórmula familiar e o elenco carismático, tornam nossa jornada rio acima confortável e divertida. Agradável, produção não será um sucesso estrondoso que a Disney almejava. E provavelmente será esquecida no futuro, mas não antes de talvez garantir uma ou outra sequencia. No final das contas, o balanço é positivo.

Jungle Cruise
2021 - EUA - 127min
Aventura, Comédia 

 

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