Nove Desconhecidos

Uma misteriosa promessa de uma experiência extraordinária capaz de mudar vidas. É o que promete Tranquilum, uma espécie de spa comandado por Marsha (Nicole Kidman). É também o que promete o argumento de Nove Desconhecidos, acompanhar essa experiência de transformação em um grupo de indivíduos. Mas já diziam nossos avós, "quando a promessa é demais, o santo desconfia". E tanto a série quanto o tratamento oferecem mais do que de fato entregam.  

Uma escritora decadente, um problemático ex-jogador de futebol americano, uma mãe divorciada, um jornalista em busca de uma história, um casal em crise, pai, mãe e filha em luto. Olha aí! A tal promessa já é quebrada na escalação dos participantes. Não se tratam de nove desconhecidos. Nem mesmo é o caso de pessoas que convivem, mas não se conhecem verdadeiramente. Alguns deles tem conexões e relações complexas que estão por trás de seus traumas. 

Baseada na obra homônima de Liane Moriarty, a minissérie nos leva a acompanhar o processo terapêutico incomum a que o grupo é submetido. Repleto de segredos, técnicas de moral duvidosa e catarses violentas. Tudo sempre envolto em mistérios e no iminente perigo de tudo dar muito errado a qualquer momento. Ao longo dos episódios, o roteiro nos leva a duvidar de tudo e especular constantemente sobre o que de fato está acontecendo ali. Seria mero charlatanismo? Aliciamento para uma seita? Até de elementos sobrenaturais e alienígenas suspeitamos a certa altura. 

Um leque de possibilidades muito bem vindo, se a série de fato entregasse algo substancial em seu desfecho. Após longos oito episódios de construção, a entrega do clímax é menos do que poderia ser. Simples, previsível e rasa, talvez funcione nas páginas ponde há tempo para aprofundar melhor personagens, ações e consequências. Nas telas, o resultado é apenas anticlimático. 

E por falar nos personagens, alguns arcos funcionam melhor que outros. Os destaques ficam para o relacionamento de apoio mútuo entre Frances (Melissa McCarthy) e Tony (Bobby Cannavale), curiosamente uma cura que encontraram um no outro, não no tratamento, e com a dupla de atores esbanjando química. Já o casal vivido por Samara Weaving e Melvin Gregg, é tão pouco explorado que parece estar presente apenas para completar o número de indivíduos do título. Os demais até tem jornadas relativamente bem exploradas, mas extremamente previsíveis. E no caso de Carmel (Regina Hall), exagerada demais para a proposta. 

Apesar dos arcos pouco inspirados, o elenco entrega boas atuações. Evitando a caricatura, mesmo quando o roteiro tente levá-los por este caminho. A exceção aqui é Kidman, robótica e com um sotaque forçado, a performance diminui o potencial ambíguo que a personagem possui. Enquanto os personagens estão sempre em dúvida quanto a veracidade de Marsha, para o espectador ela sempre soa como charlatã. O que se complica quando a série decide dar mais crédito à personagem do que a atuação transmite. 

Há ainda, toda a inclusão, de imagens, alucinações, e símbolos que quando não são clichês (como a pessoa obcecada pela própria imagem ver seu corpo deformado), ficam soltas do quadro geral. Sem agregar muito à narrativa ou à trama.

 

Nove Desconhecidos é como o tratamento oferecido em seu spa ficcional. Promete uma experiência original e libertaora, mas só entrega uma psicodélica insatisfatória. Ainda que tecnicamente bem executada e com bom elenco, é uma experiência frustante e esquecível. 

Nove Desconhecidos é uma minissérie com oito episódios com cerca de uma hora cada, todos já disponíveis no Prime Video

1 Comentários

  1. Achei muito legal,nao parei de ver até o último capítulo tudo no mesmo dia,ė divertida e prende a atenção, ótimas atuações, amei.

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