Justiça em Família

 Se você é um astro de ação em Hollywood, em algum momento em sua carreira você vai fazer ao menos um filme sobre vingar sua família. Talvez precisando proteger ou resgatar seu último ente querido. Justiça em Família parece ser a incursão de  Jason Momoa nesta tradição, embora o longa da Netflix traga um algo mais que acaba sendo desperdiçado por escolhas ruins do roteiro. 

Ray Cooper (Jason Momoa) é um pai de família que busca justiça, e eventualmente vingança, contra a indústria farmacêutica que tirou do mercado o medicamento que poderia salvar sua esposa. A busca também coloca também em risco sua filha adolescente Rachel (Isabela Merced).

A intenção era equilibrar o drama e a ação nesta produção que começa surpreendentemente bem, com Momoa entregando acertadamente o desespero de um marido em luto. Entretanto, quando a ação realmente começa, o roteiro não consegue acertar a balança entre seus dois gêneros, drama e ação. O drama é raso e previsível (até certo ponto), explorando pouco tanto a parte emocional dos personagens, quanto a crítica a indústria farmacêutica. Enquanto a ação é genérica e mal fotografada, ao ponto de ser difícil manter total atenção às sequencias de luta. 

O longa não convida o público à participar da investigação que guia a caçada, de fato, nos deixa de fora por boa parte do tempo. Logo, não é surpresa se descobrir confuso sobre quem está ameaçando quem em vários momentos da produção. Ou ainda, questionar as escolhas dos personagens pela falta do contexto necessário. A ausência desse background também torna a revelação do clímax, fraca e mal explicada. 

Essas fragilidades do roteiro, acabam por tirar o impacto da boa reviravolta do terceiro ato. O plot-twist muda a perspectiva, traz um fôlego novo para o desfecho, e nos faz repensar no que vimos até o momento. O que traz uma nova forma de entender o longa, mas também deixa evidente suas falhas. Além disso a mudança, apesar de bem feita e bem vinda, é tardia, e tem pouco tempo para ser explorada.  

Supreendentemente Momoa brilha mais nos momentos de drama, do que na ação, que parece muito dependente dos dublês. É Isabela Merced quem chama mais atenção, ao entregar com competência duas versões de sua personagem, uma mais doce e inocente, e outra mais forte e determinada.  A dupla funciona bem, e tem carisma para segurar o expectador, apesar das falhas de roteiro. O elenco ainda conta com Justin Bartha, Amy Brenneman, Manuel Garcia-Rulfo e Lex Scott Davis.


Justiça em Família tem boas ideias, mas faz escolhas ruins para executá-las. Aposta em dois gêneros, mas não equilibra ação e drama, fazendo com que pouco de cada um deles seja entregue de forma satisfatória. Tem um elenco carismático, o que conta pontos a favor para manter o público levemente interessado em suas quase duas horas de projeção. 

Justiça em Família (Sweet Girl)
2021 - EUA - 110min
Ação, Drama

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