
Há vinte anos Assassino do Sono cometeu uma série de homicídios cheios de simbolismos, antes de ser identificado e preso. Agora, quando o culpado está prestes à sair da prisão, novos assassinatos com a mesma assinatura são realizados. Cabe ao detetive Unai (Javier Rey), descobrir se se trata de um imitador, ou se um inocente fora preso pelos crimes de duas décadas atrás. Para tal ele conta com a ajuda das detetives Alba (Belén Rueda) e Estíbaliz (Aura Garrido) e do próprio Assassino do Sono original (Alex Brendemühl).
Conversas com um assassino condenado para compreender outro, como em O Silêncio dos Inocentes, crimes cheios de simbolismos bíblicos como em Se7en, as referências são claras. Então porque será que pensei em séries de TV como CSI? Verossímeis ou não, essas séries que existem aos montes na TV, criaram uma versão bastante clara do passos de uma investigação, para uma força tarefa ficcional. A fórmula repetida à exaustão criou um padrão simples, de lógica razoável e nos acostumou com ele.

O caso em si, é realmente intrigante e com simbolismos suficientes para várias interpretações e desfechos. Assassinatos em pares, com vitimas cinco anos mais velhas à cada nova ação. Sempre um casal, deixado em um ponto histórico da Espanha, na mesma posição (ou quase, faltou atenção aqui, hein). Mas a investigação ora foca em alguns elementos dos crimes, ora os ignora completamente, empaca, dá saltos e deduz coisas aleatoriamente. Problema oriundo do roteiro, que aparentemente tenta transpor todos eventos do livro, mas não encontra tempo ou disposição para tanto.
Assim, a investigação divide atenção com muitas histórias, que deveriam influencia-la, mas apenas correm em paralelo sem tempo de serem bem exploradas. O trauma de Unai, seu relacionamento com Alba, o possível envolvimento de um ou outro personagem, a origem de determinado apelido, tudo compete com a trama principal, e muitas dos temas não são finalizados. Enquanto isso,o mistério de assassinato, tenta surpreender, mas se desenvolve de forma irregular e cheia de lacunas.
A direção não entrega o básico do gênero, sem grandes estrepolias, a não ser por imagens bonitas das belas locações espanholas, e uma ou outra cena de perseguição inusitadas. A posição das câmeras e montagem das cenas, parecem mais preocupadas em exaltar o lugar em que a perseguição ocorre, do que a caçada de fato. O resultado são, perseguições à pé de alvos fora do campo de visão (como o perseguidor sabe pra onde o perseguido foi?), personagens que deviam interceptar outros, mas decidem não prestar atenção às portas, e policiais que sacam a arma indiscriminadamente, em momentos que não fazem sentido.

Talvez nas páginas O Silêncio da Cidade Branca seja thriller psicológico intrigante e que resolve bem todos os temas e símbolos que propõe. A versão para tela, esbanja potencial, mas se perde na execução. Tão preocupada em despistar e confundir o espectador, o filme confunde a si mesmo, e não entrega tudo que podia ou deveria. Resolver o mistério, responder perguntas, como qualquer série procedural de investigação faz de forma simples semanalmente.
O Silêncio da Cidade Branca (El silencio de la ciudad blanca)
2019 - Espanha - 110min
Suspense, crime
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