DC's Legends of Tomorrow - 4ª temporada

Ano passado as Lendas do Amanhã juntaram algumas jóias mágicas na mesma época de um certo titã roxo da editora rival. Entretanto, ao invés de dizimar o universo, usaram seus poderes para derrotar um demônio com a ajuda de um bichinho de pelúcia azul gigante. Achou o desfecho do terceiro ano de DC's Legends of Tomorrow meio ridículo e absurdo? Esta loucura foi proposital, e definiu o tom para a quarta e mais recente temporada das aventuras do supergrupo. Suas histórias nunca foram as mais sérias ou simples do Arrowverse, e o programa finalmente abraçou todo este potencial caótico e cômico.

Ao aprisionar o demônio Mallus com a ajuda do Beebo, as Lendas deixaram escapar para nosso mundo - em diferentes momentos históricos, claro - várias criaturas mágicas de outra dimensão. Sua missão oficial muda, mas não muito. Ao invés de procurar por anacronismos que bagunçam a linha do tempo, eles buscam criaturas mágicas que bagunçam a linha do tempo. O plot absurdamente semelhante no entanto provém duas mudanças interessantes. A primeira é presença constante do especialista em sobrenatural, John Constantine (Matt Ryan). A segunda a aparente ausência de um grande vilão, que dá aos personagens uma sensação de segurança, lhes permitindo transitar mais entre as missões e vida pessoal.

Assim, Mick Rory (Dominic Purcell) continua sua divertida nova atividade, autor de romances. Sarah Lance (Caity Lotz) e Ava (Jes Macallan) desenvolvem seu relacionamento, na subtrama mais fraca da temporada, não apenas pela obviedade, mas pela mudança drástica na personalidade de Lance. A personagem não carrega mais nenhum resquício, do drama pelo qual passou em Arrow, que a transformou em uma assassina de alma atormentada. Zari Thomaz (Tala Ashe), é quem tem menor desenvolvimento, atendendo apenas ao que a história exige, até quase seu desfecho. O gancho para o quinto ano, deixa brechas para desenvolver melhor a personagem.

São Nate Heywood (Nick Zano), Constantine e Ray Palmer (Brandon Routh) aqueles que tem arcos mais interessantes. A primeira metade da temporada explora a relação de Nate com o pai Henry Heywood (Thomas F. Wilson, o Biff de De Volta para o Futuro). Enquanto a presença do demonologista e seu passado conturbado, traz a ameaça invisível e crescente que vai culminar no ápice do arco de Ray. O Átomo começa com sentimento de culpa por ter libertado Norah (Courtney Ford), passa por um breve romance, antes de virar o centro das atenções.

Entre as novas aquisições, o nerd da agência do tempo Gary (Adam Tsekhman), ganha mais espaço. A metamorfa Charlie, convenientemente presa na imagem de Amaya (e trazendo de volta a sua intérprete Maisie Richardson-Sellers), tem o papel de relembrar que nem todas as criaturas mágicas são maléficas. E a otimista Mona (Ramona Young), é uma divertida surpresa.

Aliás, surpresas e reviravoltas não faltam, é nelas que Legends se diferencia de Arrow, Flash e Supergirl. Deixando de lado a obrigação de se levar a sério, a série parece assumir que é o programa formado "pelos personagens que sobraram", e tenta a partir deles criar as situações mais divertidas possíveis. Resultando em subversão de expectativas e estereótipos, especialmente nas criaturas enfrentadas por eles, e uma miscelânea de períodos temporais e referências. Um bom exemplo é o primeiro episódio da temporada onde os heróis vão para Woodstock, caçar um belo unicórnio que devora corações humanos. Até mesmo o formato da série muda de acordo com o tema da semana.

Este tipo de entrega ao nonsense, pode desagradar que não tem um razoável nível de suspensão de descrença. Mas funciona para um público que já estava acostumado com as loucuras da viagem no tempo, que sempre fora a proposta da série. O auge desta loucura cria o melhor episódio da temporada. O oitavo capítulo deveria ser o crossover entre as séries, que as Lendas dispensaram para viver o Legends of To-Meow-Meow, onde as ramificações absurdas de múltiplas alterações na linha do tempo são enfatizadas pela magia presente na temporada. Referências, reviravoltas, consequências esdrúxulas, mudanças de personalidade e até de especie, tem de um tudo neste episódio.

Os absurdos, e a capacidade de rir de si mesmo, também são um prato cheio para o elenco que pode brincar com diferentes versões de seus personagens. Seja por curtos períodos de tempo, ou por vários capítulos. A maioria se sai razoavelmente bem, o ponto fraco continua sendo a pouca expressividade de Lotz. Ao menos sua Canário Branco ganha mais sequencias de luta, coerentemente absurdamente coreografadas, para combinar com o tom da temporada. Assim como no anto anterior, os demais super-heróis pouco usam seus poderes, à exceção da novata Charlie. Talvez uma contenção escolhida para dar mais tempo e verba para as criaturas mágicas e os diferentes períodos históricos.

Enfrentando criaturas criadas com um orçamento de série de TV, e vilões com motivação questionável, o grupo de super-heróis desajustados com um quê de Doctor Who, somam um pouco de Supernatural ao seu repertório já cheio de referências. Loucura define o resultado. Uma loucura assumida e totalmente proposital, que convida o espectador a embarcar na viagem. A série escolheu rir de si mesma, um caminho acertado para não esgotar tão rapidamente seu tema de viagem no tempo, abraçando as falhas, furos e possibilidades da premissa.

DC's Legends of Tomorrow abraçou a comédia de absurdos definitivamente, o que pode torná-la absurda e boba demais para alguns. Para aqueles que compreenderem e gostarem da proposta, é provavelmente a série mais divertida da DC atualmente.

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