
Semanas após os eventos de Fragmentado, Kevin Wendel Crumb, e suas 24 personalidades (James McAvoy) continuam a raptar adolescentes. David Dunn (Bruce Willis) está empenhado em captura-lo. O empasse entre os dois é interrompido, quando ambos são levados para o hospital psiquiátrico da Filadélfia, onde serão submetidos ao tratamento da doutora Ellie Staple (Sarah Paulson), especializada em pessoas que pensam ser super-heróis. Elijah Price, ou melhor Mr. Glass (Samuel L. Jackson), também está na instituição.
A desconfiança em relação à suas próprias habilidades é um dos conflitos de Vidro, que para surpresa de alguns aposta muito mais nos personagens e suas relações, que no fator "super-heróico" do longa. O trio vai questionar suas próprias personalidades, eventualmente compartilhando estas dúvidas com o espectador. Eles também vão compreender a dinâmica entre herói, fera e mentor, e até rever seu relacionamento com as pessoas à sua volta.
Mas não se engane, apesar de todo o drama que estes temas trazem, o longa encaixa sim, direitinho em uma trama típica de quadrinhos. Paralelos que o próprio Mr. Glass faz questão de apontar para audiência. A diferença está na forma como isso é levado para as telas, contido em seus personagens, e longe da megalomania típica de produções com protagonista super-poderosos.

No aspecto técnico, o diretor mantém seus enquadramentos diferenciados, que pretendem atender ao que cada cena necessita. Já a fotografia e cenários e figurinos, criam uma paleta de cores que conversam com sua inspiração dos quadrinhos. Desde a simples determinação de cores para cada personagem, até a combinação de elementos para tornar a cena mais parecida com quadrinhos, ou mais "realista" de acordo com o momento da trama.
Jackson e Willis, mantém o equilíbrio entre seus já conhecidos personagens, ao mesmo tempo que encaixam o terceiro protagonista nessa dinâmica. McAvoy continua o impressionante trabalho de incorporar duas dúzias de pessoas, mas o excesso de foco nas suas transformações, pode soar forçado e tirar um pouco da força de sua atuação para alguns.


O público passou quinze anos imaginando o que acontecera com os personagens de Corpo Fechado, foi pego de surpresa pela relação com Fragmentado, e agora precisa descobrir se a jornada segue, ou não o caminho que cada um imaginou. É aqui que a produção dividirá opiniões. Desapontado quem esperava uma saga de ação heroica grandiosa. Mas surpreendendo quem aceitar a visão mais intimista, e curiosamente humana destes heróis.
Vidro é um drama, mas também é um suspense, tem toques de terror e ação. É uma adaptação de uma história em quadrinhos que não existe. Abre possibilidades para sequencias, mas não precisa delas. A grande reviravolta de M. Night Shyamalan, dessa vez é entregar um filme que tem de tudo um pouco. E talvez nada do que alguns esperavam. Levando-o de volta ao padrão amo/odeio. Para mim a produção é um dos acertos, e pra você?
Vidro (Glass
2019 - EUA - 129min
Suspense, drama, fantasia
Postar um comentário