
Owen (Jonah Hill) sofre de esquizofrenia. Annie (Emma Stone) desistiu da vida após um grande trauma. Perdidos, desconectados e desesperados, ambos escolhem servir de cobaia de testes de um medicamento que pretende acabar com qualquer tipo de dor humana.
Apesar da premissa simples, Maniac é no mínimo uma obra complexa, já que o tal tratamento cria fantasias para fazer com que os pacientes compreendam, confrontem e superem seus traumas. Assim, acompanhamos os protagonistas em aventuras em eras e gêneros distintos, durante as várias fases do tratamento. É aí que a série fica interessante, já que tais aventuras da mente, são reflexos do mundo real, e estão cheias de referências, paralelos, easter-eggs e múltiplos significados.
E embora a série destine os dois episódios iniciais para apresentar seus personagens principais e a curiosa realidade em que vivem. É durante seu processo de auto-descoberta, que nossa empatia com eles chega ao auge. Especialmente Owen, cuja apatia com que encara o mundo e sua condição naturalmente, e propositalmente, afasta todos. Mais relacionável, o trauma de Annie, facilita nossa conexão com ela, e acaba fornecendo mais ferramentas para Stone se sobressair.
E por falar em atuação, Maniac é o paraíso de qualquer ator. Já que seus personagens assumem diversas personas, desafiando-os a encaixar a personalidade de Annie e Owen e épocas, situações e tramas, que estes não enfrentariam no mundo real. Figurinos, maquiagem e perucas absurdas são uma diversão à parte, nesta oportunidade incomum de apreciar a versatilidade da dupla.

Resta à Sally Field, tentar - sem sucesso, diga-se - equilibrar o núcleo como a Dr. Greta Mantleray. É também no núcleo cientifico, que a trama tem seus momentos mais arrastados, apesar de sua boa premissa, que vai permanecer incógnita nesta resenha, para não estragar um de seus poucos acertos.

De volta à trama principal, o ritmo da história também muda para atender aos roteiros das fantasias dos protagonistas. Logo, é provável que alguns episódios pareçam mais frenéticos que outros. Vale também mencionar, que os dez episódios tem tamanhos distintos. O mais longo tem 47 minutos, o mais curto 27. Os vinte minutos de diferença são perceptíveis, mas funcionam, já que são pensados para atender as necessidades daquele trecho da jornada.


Sonhos são a forma do inconsciente tem de lidar com os problemas do dia-a-dia. Maniac potencializa essa lógica, criando diferentes mundos e experiências complexas, para que seus protagonistas superem seus traumas. O resultado é uma experiencia surreal, que desconstrói a diferença entre sonho e realidade, em prol das relações humanas. Uma obra ao mesmo tempo estranha e inteligente, que deve agradar quem estiver disposto a embarcar em algo realmente diferente.
Maniac é uma minissérie de dez episódios, todos já estão disponíveis na Netflix.
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