Oito Mulheres e um Segredo

Quando existe um negócio de família em sua realidade, as vezes é difícil escapar. Em outras, a pessoa escolhe a tradição. E há ainda aqueles em que os dons para continuar o trabalho correm nas veias. Este último parece ser o caso de Debbie Ocean (Sandra Bullock).

A irmã cacula de Danny Ocean (George Clooney, na trilogia original), segue a risca os passos do primogênito e passa seu temo na prisão elaborando o plano do roubo perfeito. O alvo da vez, é um colar de diamantes no valor de US$ 150 milhões, a ser afanado do pescoço da diva de Hollywood Daphne Kluger (Anne Hathaway), durante o Met Gala, evento mais glamouroso de Nova York. Para tal, Debbie recruta as melhores mulheres do ramo, Lou (Cate Blanchett), Nine Ball (Rihanna), Amita (Mindy Kaling), Constance (Awkwafina), Rose (Helena Bonham Carter) e Tammy (Sarah Paulson), cada uma com uma função específica no trabalho.

A receita é exatamente a mesma dos demais filmes da franquia. Somos apresentados aos detalhes do plano conforme as especialistas são recrutadas. E isso cria a expectativa para ver o trabalho em sua completude. A montagem, a apresentação e execução do plano, a relação entre as personagens, as participações especiais, todos os detalhes característicos das aventuras de Ocena e companhia estão presentes, oferencendo a familiaridade que os fãs antigos esperam, mas expandindo o universo para os requisitos da sociedade atual. Mais especificamente, incluindo empoderamento feminino no contexto.

A mudança inclui substituir os cassinos pelo mundo da moda, e consequentemente uma variedade diferente de especialistas. O novo time é composto por, uma hacker (Rihanna, sendo ela mesma, como planejado), uma estilista (Bonham Carter, que aproveita a oportunidade para desfilar seu gosto excêntrico), uma dona de casa, com habilidades especiais (Sarah Paulson, eficiente), uma especialista em jóias e uma mão leve (Mindy Kaling, Awkwafina, eficientes em cumprir outra exigência atual, diverdidade) e uma ex-parceira (Blanchett, aumentando o valor da produção apenas por desfilar sua classe em imponência). Sim, um time menor do que os rapazes precisavam, não apenas para afirmar a eficiencia feminina sobre os rapazes, mas também para utilizar um número inédito no título.


Curioso é que apesar de bastente feminista o filme parece sentir a necessidade de se justificar - Se for Ele é notado, se for Ela é ignorada. E pela primeira vez queremos ser ignoradas - afirma Debbie, quando questionada sobre a ausência de homens na equipe. Apesar disso, o roteiro parece estar ciente do risco de ser ser visto apenas como "versão feminina de", e usa isso a seu favor, brincando com clichés e estereótipos de ambos os gêneros em filmes de assalto.

De novidade, o filme traz uma sequencia de investigação pós roubo, e uma intenção oculta nos planos de Debbie. Não chega a ser surpreendente, mas oferece algo extra, para aqueles que achavam que haviam desvendado tudo nos primeiros minutos.

As personagens tem suas funções e personalidades bem definidas, mas à exceção de Debbie, nenhuma recebe um arco muito complexo. O que não atrapalha em nada nossa empatia e consequente torcida pelo sucesso da missão. Mérito do elenco e do real objetivo deste longa, reunir um enorme número de celebridades em cena. O resultado é uma coleção de rostos oscarizados se divertindo com a possibilidade de trabalhar juntos em projeto leve e despretensioso. Empolgação que transparece na tela e nos faz revelar falhas e previsibilidades.

Oito Mulheres e um Segredo aposta na fórmula conhecida da franquia para garantir o sucesso, e por isso perde em originalidade. Porém acerta no contexto de mudança de gênero e ao apostar no carisma de seu elenco estelar. É uma boa revitalização/expansão do universo. Além de positivo, o resultado nos faz querer ver mais aventuras da família Ocean na tela grande, e quem sabe reunir todo mundo?

Oito Mulheres e um Segredo (Ocean's 8)
EUA - 2018 - 110min
Ação, Comédia, Crime

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