Finalmente Barry Allen (Grant Gustin) pode ser realmente o homem mais rápido da terra. Apesar do título auto-concedido na abertura em off desde o primeiro episódio do programa, sempre aparecia alguém, geralmente o vilão, que é mais rápido que o personagem título. Felizmente, após três anos repetindo a formula, a ameaça ao mundo não é um velocista!
Ao final do terceiro ano, Barry se sacrificara para "fazer as pazes" com a força de aceleração após de bagunçar tudo ao causar o ponto de ignição (flashpoint). Na tentativa de trazê-lo de volta, a equipe abre uma fenda e acidentalmente traz matéria escura para Central City, criando mais meta-humanos. É claro, um vilão aproveita a oportunidade para colocar em ação seu plano para salvar a terra. Propósito nobre, mas com aqueles conceitos tortos que só vilões conseguem cultivar.
O Pensador, Clifford DeVoe (Neil Sandilands, abraçando a vilania) causa muita confusão na cidade, mas suas motivações permanecem misteriosas até a reta final. O que não oferece ao espectador tempo para assimilar e comprar a ideia. Mas este é um dos poucos pontos negativos deste arqui-inimigo. Exagerado, caricato, com um plano mirabolante e tecnologias impossíveis, DeVoe traz de volta o aspecto caricatural, absurdo e consequentemente bem humorado - caso contrário não funcionaria - para os vilões da série. Vale lembrar que The Flash surpreendeu em seu primeiro ano, por não ter vergonha de se assumir série de quadrinhos, com suas cores, nomes engraçados e características mais caricatas. Essa leveza, havia se perdido no ano anterior com o depressivo vilão Savitar.
Enquanto o vilão não se revelava para o mundo, a história colocou os heróis para procurar os doze meta-humanos criados pelo evento do primeiro episódio, abraçando novamente o procedural "o meta da semana". O problema é que estes personagens eram apresentados e utilizados em apenas um episódio, tornando-os sub aproveitados e esquecíveis. A exceção é Ralph Dibny (Hartley Sawyer), ex-policial malandro que ganha poderes e aprende com a equipe a responsabilidade de possuí-los. Personagem sem noção ao ponto de ser irritante, cuja dinâmica funciona muito bem em contraponto com os muitos "certinhos" da equipe Flash. Graças aos seu poderes, ele também é dono das piadas físicas absurdas e até nojentas que devem manter a molecada interessada.
De volta à equipe, Barry volta a ser o único velocista com a mudança - com uma explicação bem rasa - de Wally (Keoynan Lonsdale) para Legends. Mais leve, ele leva adiante seu relacionamento com Íris (Candice Patton) e finalmente deixa de ser um herói em construção. Chega de treinar para ser mais rápido, agora ele ensina aos amigos como ser herói. Já sua mocinha assumiu a liderança do time, sem maiores explicações, mesmo com gente mais experiente, como seu próprio pai, disponível. Para quem já não simpatizava muito com a personagem fica impossível ignorar o questionamento: quem morreu e a fez rainha? que qualificações ela tem para isso?
Harry (Tom Cavanagh, sempre competente) da Terra 2 está de volta com seu conselho de Wells e problemas com a filha. Cisco (Carlos Valdes) precisa lidar com sua relação a distância com a Cigana (Jessica Camacho), o que garante a maravilhosa participação especial de Danny Trejo como pai da moça. Joe (Jesse L. Martin) e Cecile (Danielle Nicolet, divertida) se descobrem grávidos, e com efeitos colaterais incomuns, porém convenientes para o roteiro. Enquanto Caitlin (Danielle Panabaker) finalmente se acerta com seu lado malvado a Nevasca, apenas para descobrir que há mais no passado das duas. Os personagens fixos e carismáticos que os fãs adoram, perderam espaço de tela com histórias simples e previsíveis. A esperança por uma boa trama relacionada ao passado de Caitlin, que deve ser desvendado ainda no próximo ano.
O tempo destes personagens foi transferido para a relação entre Barry e Dibny, que funcionou muito bem. E para as muitas reviravoltas, sem sempre bem aproveitadas na trama. Entre elas, o arco da prisão de Barry, solucionado em poucos episódios e nunca mais questionado. Além disso, casamento mortes, despedidas, fim do mundo, nazistas (estes últimos no excelente crossover do arrowverse), aconteceu de tudo um pouco nestes 23 episódios.
A quarta temporada de The Flash acertou ao deixar a melancolia no ano anterior de lado, e resgatar o bom humor que conquistou os fãs em sua estreia. Falta ainda aproveitar melhor seus personagens, e encontrar um equilíbrio, seja dividindo a temporada em arcos ou construindo uma trama mais robusta para preencher esta quantidade de episódios. O final da temporada deixou bons ganchos para ajustar isso, basta escolher bem o caminho a percorrer, independente da velocidade.
The Flash já foi renovada para a quinta temporada, no Brasil a série é exibida pelo Warner Channel. As três primeiras temporadas da série também estão disponíveis na Netflix.
Leia mais sobre The Flash e as outras séries de TV da DC.
Postar um comentário