
Mas é claro, não tenho a pretensão de julgar um clássico da literatura. Não é clássico atoa, a obra é excelente, leia assim que tiver oportunidade. Por hora, compartilho apenas as minhas impressões sobre esta primeira incursão no universo de Hercule Poirot.
O famoso detetive belga, acaba de solucionar um caso quando recebe um telegrama pedindo seu retorno imediato à Inglaterra. Com a influência de seu amigo e dono da companhia Bouc consegue um lugar no lotado (estranhamente para a época do ano) Expresso Oriente. Não é mistério, alguém é morto durante a viagem, mas o trem é pego por uma nevasca, encurralando o assassino. Agora Poirot tem algumas horas e um vagão cheio de suspeitos para desvendar o caso antes de chegar à próxima estação.
Dividido em três partes, o texto ajusta seu ritmo à necessidade de cada etapa. "Os fatos", apresenta os muitos personagens/suspeitos e o desenrolar do crime. "Depoimentos", onde o detetive interroga todos os suspeitos, e você passa a leitura vasculhando mínimos detalhes tentando descobrir o assassino. E "Conclusão", quando todas as cartas estão na mesa, e temos algumas últimas chances de tentar desvendar o mistério.
Para alguns a mudança de ritmo pode ser incômoda. Pessoalmente, acho bem colocado um início dinâmico, porém contido para dar tempo de apresentar, personagens, cenário e o crime. Um miolo mais lento durante os depoimentos - afinal estamos à caça de provas. E um final mais frenético, com longas exposições e pouco respiros, reflexo da nossa ânsia por descobrir o desfecho.
É claro, o livro é um retrato de sua época. E não apenas por retratar um trem que existe, e usar um caso real como inspiração do pano de fundo para motivação do crime, mas também para construir os personagens. Seja no preconceito e no pensamento estereotipado sobre distintas nacionalidades que os passageiros demonstram. Seja na criação de suas personalidades; Que tipo de moça viajaria sozinha? Porque determinado casal é mais recluso? Como uma dama da alta sociedade exige tratamento "adequado" à sua posição? Estes pequenos detalhes de finem bem o quadro a ser analisado, facilitam a identificação dos muitos personagens, e claro, fornecem pistas para o leitor/detetive.

A edição que eu li - estava mesmo perdida na estante - é de 2005 da Nova Fronteira com tradução de Archibaldo Figueira. Mas, existem várias versões do livro no mercado, a mais popular ultimamente é da Harpercollins, que tem uma coleção inteira de obras da autora.
Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express)
Agatha Christie
Nova Fronteira
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