Seja para grandes corporações, ou até para indivíduos, no mundo atual atual é cada vez mais importante parecer do que ser. Desde que em público você atenda à um padrão pré-determinado, não parece importar muito suas ações verdadeiras. É na verdade sobre isso que se trata Okja, novo filme do diretor sul coreano Bong Joon-Ho (Expresso do Amanhã) disfarçado de aventura sobre uma garota e seu bichinho de estimação.
As empresas Mirando, através da peculiar figura de sua CEO Lucy Mirando (Tilda Swinton), apresentam em um grande espetáculo de marketing uma espécie de animal recém descoberta e revolucionária. O "super porco" é mais econômico eficiente e deve erradicar a fome mundial, mas antes um concurso deverá descobrir a melhor forma de cria-los. Assim, 26 animais são entregues para criadores de diferentes países, para que cada um cuide dos bichos de acordo com sua cultura. Dez anos mais tarde Mija (Seo-Hyun Ahn) e Okja vivem livres nas montanhas, quando o fim do concurso separa a neta do criador sul-coreano e sua amiga de quatro patas. É claro, que a garota não vai medir esforços ou perigos para resgatar seu bichinho.
Depois de um início com boas cenas de ação e até um pouco de comédia com tom mais inocente, que situa a posição, e determinação, de cada um na disputa por Okja - inclua além de Mirando e Mija, um grupo de defensores dos animais - a trama abraça a crítica mais aberta à sociedade em sua segunda metade. Mostrando a hipocrisia da indústria, o jogo midiático e a manipulação de informações e dos consumidores. Os comentários são inclusos de forma natural sem levantar bandeiras na cara do expectador. Os erros e equívocos da sociedade existem, estão lá e movem a trama naturalmente. Só não percebe quem não quer.
Também só se não quiser, você não acreditará em Okja. A "super porca" que motiva trama, mais parece uma mistura de hipopótamo com um cachorro muito bem treinado, pensa, sente e consegue demonstrar isso através de seus grandes olhos de CGI. É claro, há uma certa de aura mágica e lúdica em torno do animal, tanto em sua personalidade, quanto na aparência. Mas estas características colaboram para a criação da empatia ou é coerente com as escolhas de marketing de sua criadora ao coloca-la sobre o holofotes.
E por falar em Lucy Mirando, Swinton apresenta uma caricatura meticulosamente criada como um exemplo perfeito das "aparências" que enganam, da imagem que criamos para os outros escondendo nossas "imperfeições", e com um toque colorido que a aproxima de um personagem de animação. Outros que se destacam são Jake Gyllenhaal e Paul Dano. O primeiro como um amante dos animais com treitos de Borat explorado pela mídia. O segundo como líder de uma curiosa organização de defesa dos animais. Mas quem supreende, é a carismática Seo-Hyun Ahn de apenas treze anos. A jovem não apenas se sai bem na atuação com criaturas em computação gráfica, como consegue manter o interesse do público de qualquer parte do mundo, falando majoritariamente coreano. Também estão no elenco Giancarlo Esposito, Shirley Henderson, Lily Collins e Steven Yeun (o Glenn de The Walking Dead).
Lançado diretamente na Netflix, Okja é uma aventura sobre amizade que levanta debates e críticas pertinentes sobre a sociedade atual, sem nunca deixar de entreter. Bem produzida e com um roteiro inteligente, ainda bem (ou talvez uma pena?) que não usa porcos comuns como protagonistas, pois faria muita gente repensar seus hábitos alimentares.
Okja
2017 - Coréia Do Sul, EUA - 118min
Aventura, Ficção científica, Drama
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