Já que ela é "inquebrável", Kimmy Schmidt (Ellie Kemper) está de volta à Netflix. Agora mais habituada ao "mundo moderno", embora ainda não uma nativa. O desafio da vez é evoluir. Seguir em frente, melhorar de vida. Tarefa bem complicada, considerando que o passado não para de bater à porta do apertado apartamento que ela divide com Titus Andromedon (Tituss Burgess). Desta vez na forma de um divórcio! Sim, por incrível que pareça o casamento de Kimmy com seu sequestrador é oficial, e a moça ainda está ligada ao excêntrico reverendo (Jon Hamm).
Caso você tenha ficado presa em um bunker nos últimos anos, e não faça ideia do que estou falando, segue uma breve introdução. Unbreakable Kimmy Schmidt é uma série original de comédia da Netflix escrita por Tina Fey e Robert Carlock (Saturday Night Live e 30 Rock). Kimmy foi sequestrada ainda adolescente por um líder de uma seita apocalíptica e passou 15 anos presa em um abrigo subterrâneo com outras três mulheres e o "reverendo". Em sua primeira temporada ela, precisou "descobrir o futuro", já que foi presa por volta do ano 2000, e perdeu o 11 de setembro, a popularização dos celulares entre outras centenas de coisa. O segundo ano também trata do tempo perdido, Kimmy precisa terminar a escola e sobreviver neste novo mundo. Agora a protagonista, precisa crescer e decidir o que fazer de sua vida... ou quase isso, considerando que se trata de uma comédia, que usa o absurdo para fazer graça e crítica à sociedade.
Kimmy terminou a escola, e começa a pensar seriamente em sua vida profissional. Além de lidar com resquícios de seu passado, ela ainda acha que esconde sua vida de "mulher toupeira" - termo que a imprensa usa para chamar as vítimas do reverendo - de todos. Titus, que tinha conseguido um namorado e uma boa oportunidade de emprego da última vez que o vimos, tem que encarar mais um fracasso, a insegurança que ele traz e as suas possíveis causas. Lillian (Carol Kane) resolve se envolver com os assuntos da vizinhança que tanto preza. Enquanto Jacqueline (Jane Krakowski) assume que seu relacionamento, e ideiais são mais importante que se reposicionar que esposa troféu. É claro, nenhum dos quatro vai traçar caminho previsível, ou mesmo alcançar o objetivos que acreditamos. Graças as reviravoltas deste universo louco. Muitas delas, absurdas e aparentemente impossíveis, mas nenhuma sem um fundo de verdade ou uma crítica por traz.
Tudo no ritmo frenético que a série assumiu ainda em sua estreia. As circunstâncias mudam rápido, assim como a percepção dos personagens, e consequentemente a sua. O foco dos episódios muda frequentemente, o que causa um desequilíbrio narrativo, que pode confundir. Como o momento em que Kimmy consegue sua esperada vaga em uma universidade, apenas para demorar mais alguns episódios para de fato frequenta-la. Ela precisa lidar com outros assuntos antes.Talvez seja o formato de meia hora, que isola os temas em cada capítulo, talvez seja realmente falta de fluidez no roteiro. É um assunto para se discutir, especialmente entre quem faz maratona, e quem aprecia com moderação. Na maratona, achei inconstante.
Mas isso é apenas o que corresponde ao elenco fixo. Com tanta coisa acontecendo com quatro personagens base, não faltam retornos de personagens de outras temporadas como Xanthippe (Dylan Gelula) e das outras "mulheres toupeiras". Assim como participações especiais, desde a recorrentes aparições de Tina Fey, e outras surpresas, que não convém estragar contando.
As críticas à nossa sociedade, e as piadas continuam inteligentes e afiadas. Problemas sérios novamente apontados de forma divertida e sarcástica, em um ritmo Acelerado - inclua aqui a velocidade em que os personagens falam, especialmente Kimmy e Titus. E por mais que se trate da mesma formula, esta não se esgota, já que os problemas continuam aí, outros aparecem, e as referências só aumentam. Sim, tem muitas piadas relacionadas à acontecimentos do último ano.
E já que estamos falando em temática, o empoderamento feminino parece ser uma constante este ano. Com três personagens femininas, em busca de "seu lugar no mundo", há muita discussão sobre o que elas "podem ou não" fazer, e a forma com que fazem. Também há um bom espaço para discutir religião e crenças.
Para quem prefere a temática pop, ela ainda está lá aos montes. Kimmy ainda, tem os anos de 1990 como referência, embora já consiga acompanhar os acontecimentos atuais, mesmo que não entenda. Mas é Titus, o rei da referência. O astro eternamente em ascensão, tem espaço para covers. Além de ganhar mais canções, para felicidade dos fãs de Peeno Noir.
Mesmo sem o frescor da novidade Unbreakable Kimmy Schmidt, se mantém envolvente, divertida e inteligente. E agora já conta com nossa familiaridade com os personagens. Nos importamos tanto com eles, como com sua relação. Não entendemos a amizade entre Jacqueline e Lillian, por exemplo, mas adoramos que ela exista. E que apesar da loucura, o bom grupo formado por Kimmy e companhia pareça inquebrável!
Leia a crítica da segunda temporada, ou confira nossas Informações úteis para sua maratona de Unbreakable Kimmy Schmidt.
Postar um comentário